segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O B A D I A S. O PROFETA NUM MUNDO RACISTA,

OBADIAS, O PRINCÍPIO DA RETRIBUIÇÃO

O B A D I A S. O PROFETA NUM MUNDO RACISTA,
Dos livros do Velho Testamento, Obadias é o menor, contendo apenas 21 versículos. O nome do profeta significa "Servo de Javé". Fiel ao seu nome, Obadias cumpriu o seu papel pela maneira com que ele nos fez lembrar que haverá para toda a humanidade um juízo final.
Obadias vivia numa época caótica, após a destruição de tudo quanto representasse a verdadeira religião. O texto indica que ele testemunhou o saque total da cidade santa de Jerusalém em 587 a.C, por isso presume-se que tenha tomado parte no exílio na Babilônia, que durou 70 anos. É de se supor que Obadias tenha escrito o seu livro durante o exílio. Longe da pátria, ele se lembrava do horror da devastação praticada pelas hordas cruéis de Nabucodonosor. Na hora em que o invasor impiedoso esmagou a pequena nação de Judá, o povo vizinho de Edom veio colaborar com o inimigo. Além de burlar-se dos habitantes de Jerusalém, os edomitas ajudaram os babilônios a pilhar os bens dos infelizes judeus e, pior ainda, entregaram ao exército de Nabucodonosor os refugiados apavorados que buscaram asilo no território vizinho de Edom. Assim foi que ninguém escapou das garras do mais temível exército de então.
Refletindo sobre a enormidade do crime perpetrado por Edom, Obadias percebeu que tudo se explicava ao período patriarcal, no início da história da Bíblia. Começou com o nascimento dos filhos gêmeos de Isaque (Gn 25), Esaú e Jacó. Dos dois, nasceu primeiro Esaú, que perdeu a herança de primogenitura, vendendo-a a seu irmão Jacó pelo preço ínfimo de um prato de feijoada. A venda desprezível levou os dois rapazes a brigar constantemente, e quando Jacó conseguiu por do Io a bênção paternal do velho pai cego, Isaque, a ira de Esaú irrompeu, e Jacó fugiu de casa. Passaram-se os anos, mas Esaú nutria ainda sentimentos de ódio contra o seu irmão, cuja morte anelava. Uma breve reconciliação ocorreu (Gn 33), mas os dois irmãos fundaram duas nações destinadas a perpetuar a rixa. Os descendentes de Esaú se estabeleceram na região desértica perto do Mar Morto, com a cidade capital aninhada entre montes inóspitos, enquanto que os descendentes de Jacó ocuparam a boa terra a oeste do Jordão, tendo como capital a cidade de Jerusalém.
A Bíblia narra resumidamente a trágica história do ódio implacável entre as duas nações. Logo na entrada dos judeus em Canaã, Edom recusou-lhe passagem (Nm 20). O profeta Balaão vaticinou a subjugação de Edom por Israel, quando pregou a Balaque, rei de Moabe, vizinho de Edom. Duzentos anos mais tarde, o ódio mútuo continuava, e o rei Davi tentou pôr fim ao constante problema mandando massacrar todos os homens machos d6 Edom (1 Reis 11.15). Esta política selvagem de liquidação do inimigo tradicional não se cumpriu, e um sobrevivente edomita levou o restante do seu povo a renovar a guerra contra Judá (1 Reis 11.17). Num salmo de vingança, Davi se refere a Edom em termos de desprezo absoluto, quando diz: "Sobre Edom atirarei a minha sandália" (Sl 60.8).
Vê-se como as atitudes de intolerância racial não somente se perpetuam, mas ampliam o desentendimento mútuo para alcançar gerações futuras. Não é surpreendente que 400 anos depois de Davi o povo de Edom ainda se lembrasse do tratamento desumano recebido das mãos dele. Por isso, alegrou-se sobremaneira quando a Babilônia mandou o seu exército invencível contra o odiado país vizinho de Judá. A vingança, embora tendo demorado tantos séculos, era saboreada em Edom. E o mesmo espírito existia no tempo de Jesus. O rei Herodes, de descendência edomita, mostrou a insensibilidade dos seus antepassados quando condenou Jesus injustamente. O nosso Senhor, por seu lado, nem lhe proferiu uma palavra sequer (Lc 23.8, 9).
Oxalá que o nosso mundo moderno aprendesse a lição! As inimizades e preconceitos continuam entre os povos. Por tradição, mais do que por razão, uma nação odeia outra. Lembram-se guerras de agressão séculos depois. Os netos e bisnetos conservam as mesmas atitudes insensatas dos avós e bisavós. Um exemplo disto é a relação entre a França e a Alemanha, com três guerras em três gerações seguidas (1870, 1914 e 1939). Na época nuclear, o racismo contra qualquer país é uma insensatez cujo preço bem pode ser o suicídio de toda a raça humana.
A profecia de Obadias começou com a visão de uma futura guerra, à qual o Senhor chama todas as nações. O vidente inspirado previu o fim do mundo e a soberania gloriosa do Senhor. Como nação, Edom seria destruída. Deus desprezou a nação por causa do seu orgulho exagerado (v. 2). A cidade capital era situada "nas fendas das rochas", tão inacessível ao inimigo que os habitantes consideravam a defesa indefectível. Com a elevação vertiginosa da cidade, as luzes nas janelas das casas pareciam ser estrelas (v. 4). Ainda que o adversário humano não a alcançasse, o Senhor a derrubaria pelo seu poder irresistível (v. 4).
O profeta se serviu de analogias comuns para salientar a futura destruição total de Edom. O ladrão furta o que precisa, deixando muitas coisas de valor. Semelhantemente, os vinicultores mandam vindimar uvas, mas depois da colheita sempre sobram alguns cachos (v. 5). Não seria assim no julgamento de Edom. Não sobraria coisíssima alguma, mas tudo seria levado. Nesse dia fatídico, os seus aliados o abandonariam, negando tratados de paz (v. 7). Deus controla tudo, não somente as circunstâncias políticas e militares, mas até o pensamento dos habitantes de Edom. Os sábios se tornariam tolos, e os valentes amedrontados, antes do extermínio da raça (v. 10). Cumprir-se-ia ao pé-da-letra a maldição divina contra os que perseguem o seu povo eleito.
O Deus de Israel distingue os babilônios dos edomitas nisto, que Edom tinha herança comum com Israel em Abraão. Judá era irmão (v. 12). O mesmo sangue patriarcal irrigava as suas veias. Sendo irmão, não devia olhar com prazer a calamidade de Judá, nem se alegrar na ruína de Jerusalém, quanto menos roubar a vítima de guerra ou impedir a sua fuga! Vê-se a atualidade da Bíblia numa situação contemporânea. Os vietnamitas, fugindo do comunismo, pagaram onze onças de ouro, cada um, a outros vietnamitas como preço de "passagem" de três ou quatro dias a bordo de um navio sem comida, sem bebida, sem toilete Obadias fala hoje!
A pequena profecia terminou com a promessa da restauração e felicidade de Israel no fim dos tempos. Não é o homem que resolverá os seus problemas. Somente o Rei dos Reis e o Senhor dos Senhores é capaz de pôr em ordem este mundo com as suas tensões e hostilidades. Aguardamos o Dia do Senhor que "está prestes a vir sobre todas as nações". Jesus confirmou pessoalmente o grande acontecimento, falando aos discípulos pouco antes da sua crucificação:
"Quando vier o Filho do homem na sua majestade, e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória, e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros." (MT 25.31, 32)

O monte Sião, devastado pelo rei da Babilônia, ajudado por Edom, seria restaurado (v. 17). Esta esperança da restauração final de Israel é proclamada no Novo Testamento, mais particularmente pelo apóstolo Paulo em Romanos 9 a 11. É claro que Paulo não aplica esta e outras profecias à Igreja, mas continua esperando a salvação final de Israel (Romanos 11.26). Antes do fim do drama humano, cumprir-se- á a promessa divina, e o Senhor há de reinar sobre este mundo onde ele foi crucificado. Se ele não fizer assim, haveria no universo de que ele é o SENHOR, um planeta onde o diabo seria rei.
Com a segunda vinda de Cristo, o mundo conhecerá, pela primeira vez, a plena realização da vontade de Deus em resposta à incansável prece do seu povo: "Que a tua vontade seja feita aqui na terra, como no céu!" O povo de Deus vive hoje nesta expectativa. Na antecipação segura que a fé em Jesus Cristo permite, repetimos o Pai Nosso até o fim, bradando triunfantemente "pois teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre, Amém'" Neste mesmo espírito de confiança absoluta no triunfo final da vontade de Deus na terra, Obadias escreveu esta última frase: "O reino será do Senhor." (v. 21)
No nosso mundo, com a capacidade de autodestruição multiplicada por vinte,
não há maior consolação para o crente em Cristo do que esta, a certeza inabalável
de que o nosso Deus reina soberanamente sobre todas as nações e todos os povos, e que, aconteça o que acontecer, Jesus Cristo, o Senhor, há de restaurar todas as coisas, para a glória do Pai.
Fonte: JUSTIÇA E ESPERANÇA PARA HOJE - Profetas Menores - Dionisio - Pape

"Quando DEUS Trabalha O HOMEM Muda!"

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