Interpretação Bíblica de Atos 5
Atos 5
C. Morte de Ananias e Safira. 5:1-16.
Este incidente nos mostra
que a igreja primitiva não estava livre de problemas fritemos. Lucas não
procura atenuar a situação mas conta o acontecimento com cores negras.
1, 2.
Safira no aramaico
significa linda. Tal como Barnabé, ela e seu marido venderam
uma propriedade. Ananias, com o conhecimento de sua mulher,
planejou levar apenas parte do dinheiro aos apóstolos, fingindo que estava
dando tudo.
3. Não somos informados de como Pedro reconheceu a
fraude; foi provavelmente por iluminação divina. Pedro acusou Ananias não por
enganá-lo mas por tentar enganar o Espírito Santo. O Espírito Santo é
obviamente uma pessoa, e o versículo 4 mostra que o Espírito Santo também é
Deus.
4. O programa de partilhar riquezas na igreja
primitiva era puramente voluntário e não compulsório. Permanecendo de posse da
terra, Ananias tinha o direito de fazer o que entendia; e mesmo depois de
vendê-la, o dinheiro era seu para usá-lo como quisesse. O pecado de Ananias não
foi o de guardar o dinheiro, mas o de pretender uma consagração completa a Deus
enquanto deliberadamente guardou parte do dinheiro. Foi o pecado de uma
consagração desonesta, pois ele mentiu a Deus.
5. Encarando a enormidade do seu pecado, Ananias
sentiu-se completamente vencido e imediatamente caiu ao chão e expirou.
Não somos informados da causa do seu mal. Certamente Pedro não invocou sua
morte. Quer Ananias tenha ou não expirado devido a um choque emocional, sua
morte foi um juízo de Deus sobre sua consagração hipócrita.
6. Antigamente no Oriente o sepultamento era feito
logo após a morte sem maiores delongas por causa da rápida decomposição dos
corpos.
7. Safira devia estar longe da cena, caso contrário a
morte de seu marido tê-la-ia alcançado mais cedo.
9. Pedro acusou-a de cumplicidade de estar brincando
com Deus. Tentar a Deus (Êx. 17:2; Dt. 6:16), isto é, ver até
onde se pode ir tomando liberdades com a bondade de Deus, é um pecado perigoso.
Essa foi uma das tentações que nosso Senhor enfrentou (Mt. 4:7).
10. Safira teve o mesmo destino de Ananias. Ela também
caiu e expirou. Não temos motivos para crer que Ananias e Safira não fossem
salvos. Sua morte física foi um juízo divino que não envolveu a salvação deles.
O próprio fato de serem crentes determinou a enormidade do seu pecado. Estavam
fingindo uma “submissão total” mas deliberadamente guardaram algo para si. Este
é um pecado que só pode ser cometido por um cristão.
11. Este acontecimento despertou grande espanto e temor
de Deus na igreja e produziu influência purificadora. Aqui pela primeira vez em
Atos aparece a palavra igreja (ekklésia).
Significa, chamados e refere-se ao chamado feito aos cidadãos
gregos para que saíssem de suas casas a fim de assistirem assembleias públicas
com propósitos cívicos. A palavra foi usada no V.T. grego em relação a Israel
na qualidade de povo de Deus. Seu uso no N.T., portanto, indica que a Igreja é
o novo povo de Deus. A palavra nunca foi usada com referência a um edifício.
Ela se refere tanto à igreja como um todo (5:11; 9:31; 20:28) como às
congregações locais dos crentes (11:26; 13:1).
12. Os cristãos primitivos não tinham seus próprios
edifícios para adoração mas reuniam-se no Pórtico de Salomão, que fazia o
limite oriental da vasta área do templo.
13,
14. A morte de Ananias e Safira teve uma tal influência
purificadora que ninguém se atrevia a entrar para a nova comunidade com razões
meramente humanas. Entretanto, a igreja era muito respeitada pelo povo. Só
aqueles que experimentavam uma genuína obra salvadora de Deus atreviam-se a
entrar para a igreja; mas havia muitos desses crentes.
D. A Segunda Oposição dos Líderes Judeus. 5:17-42.
A popularidade dos crentes
despertou novamente a atenção dos principais sacerdotes e dos saduceus. Um dos
motivos centrais do livro de Atos é a rejeição do Evangelho pela nação judia.
Esta secção descreve mais um passo na rejeição e perseguição exercida pelas
autoridades judias.
17.
Seita significa
simplesmente partido e não possui conotações favoráveis, como
a palavra na atualidade.
18. Dessa vez todos os apóstolos foram presos e postos
na cadeia durante a noite para serem interrogados pelo Sinédrio de manhã.
19,20. Os apóstolos foram sobrenaturalmente libertados
durante a noite e foram encorajados a continuarem testemunhando ao povo sobre o
modo de viver e sobre a salvação. Desta vida. Uma designação
costumeira para a mensagem cristã.
21. Ao
romper do dia o Sinédrio (que também
era chamado de senado), constituído dos saduceus e fariseus,
reuniu-se e mandou buscar os apóstolos para interrogá-los.
22,
23. Os guardas foram à prisão e encontraram cada coisa
em seu lugar, as portas trancadas e as sentinelas alertas; mas os apóstolos
tinham desaparecido.
24. O
capitão da polícia do
templo era membro do Sinédrio. Os principais sacerdotes. Chefes
das diversas famílias de sumo sacerdotes e sacerdotes que já tinham ocupado
anteriormente o cargo de sumo sacerdote e que continuavam usando o título.
Esses oficiais do Sinédrio ao que parece achavam que os cristãos tinham ganho
convertidos dentro do círculo dos guardas do templo e parecia-lhes que esse
novo movimento estava fugindo ao seu controle.
25. No meio das deliberações, chegou a notícia ao
Sinédrio de que os apóstolos estavam novamente no templo e
ensinando o povo.
26. O
capitão da polícia com os seus
subordinados persuadiram os apóstolos a acompanhá-los pacificamente até o
Sinédrio. O capitão não se atreveu a usar de violência ao levar os apóstolos,
temendo violenta reação do povo, que estimava grandemente esses pregadores que
curavam.
27,
28. Os apóstolos acompanharam a polícia indo da área do
templo até o lugar da reunião do Sinédrio. O sumo sacerdote acusou-os de duas
ofensas: primeiro, desobedeceram aquela injunção do Sinédrio de interromper
seus ensinamentos em nome de Jesus. Segundo, estavam tentando levantar contra o
Sinédrio a censura pública por causa da crucificação de Jesus. Os apóstolos, é
claro, não tinham tal intenção, mas sua pregação sobre a cruz dava esta
impressão.
29. Pedro replicou que tal injunção do Sinédrio
colocava-os realmente diante do dilema de obedecer aos homens ou a Deus.
30. Em tal situação, só havia uma única possibilidade,
especialmente considerando que Deus unha ressuscitado Jesus dos mortos, a quem
os líderes judeus assassinaram. Pela expressão, o Deus de nossos
pais, Pedro demonstrou que ainda se considerava judeu. A igreja
primitiva não interrompeu a comunhão com os judeus mas existia como uma
comunidade dentro do Judaísmo.
31. Quando os judeus infligiram a Jesus a degradação da
cruz (Dt. 21:33), Deus lhe concedeu a mais alta honra, fazendo dEle um Príncipe ou Líder e
Salvador. Príncipe é a mesma palavra traduzida para “Autor” em Atos
3:15 (outra tradução).
32. A proclamação dos apóstolos baseava-se no fato de
que tinham testemunhado as coisas das quais falavam. Além disso, eles não
falavam simplesmente como indivíduos particulares, mas seu testemunho tinha o
poder do Espírito Santo, que falava por meio deles. O Espírito Santo fora dado
não somente aos apóstolos mas à todos que Lhe obedeciam.
33. Estas palavras de Pedro atingiram os sacerdotes
profundamente e eles se zangaram. A ala dos saduceus dentro do Sinédrio
imediatamente começou a planejar como matar os apóstolos.
34. Seus propósitos malignos foram frustrados por um
escriba e mestre da lei, chamado Gamaliel. Josefo, o
historiador judeu, conta-nos, que o partido dos fariseus era pequeno em número
mas possuía tal popularidade e influência entre o povo que os saduceus não
ousavam tomar qualquer atitude à qual os fariseus se opusessem. A influência do
conselho de Gamaliel reflete-se nesta situação. Além disso, Gamaliel era um dos
mais conhecidos rabis daquele tempo. Saulo de Tarso fora seu discípulo (22:3),
e era largamente conhecido como o maior professor da Lei do seu tempo.
35. Gamaliel advertiu os saduceus, que se inclinavam a
agir sem o apoio da maioria constituída pelos fariseus, a não agir
irrefletidamente.
36. Ele citou recentes acontecimentos históricos para
lembrá-los que já houvera outros movimentos entre os judeus que deram em nada,
e que portanto não deviam temer esse novo grupo que proclamava que Jesus era o
Messias. Josefo diz que houve muitos desses movimentos naqueles dias de
insegurança. Gamaliel lembrou-se de Teudas, que proclamava ser pessoa de grande
importância e que persuadiu uns quatrocentos judeus a segui-lo. Este movimento
foi esmagado e Teudas foi morto. Nada mais sabemos sobre esse homem. Cerca de
45 A.D., um mágico com o mesmo nome levou um grande número de judeus ao Rio
Jordão, prometendo separar as águas para que pudessem atravessá-lo a seco. O
governador romano, Crispo Fadus, enviou cavaleiros e estragou o movimento. Esse
falso messias, entretanto, foi outro e não a pessoa mencionada por Gamaliel.
37. Outra insurreição foi liderada por Judas, o
galileu. Quando Herodes Arquelau, um dos filhos de Herodes, o Grande
(Mt. 2:1, 22), foi deposto do governo da Judeia, o país ficou sob a liderança
de um governador romano; e foi feito um recenseamento para
determinar quanto deviam obrigar o povo a pagar de imposto a Roma. Este Judas
provocou uma revolta religiosa e nacionalista com base em que somente Deus era
o rei de Israel e que só Ele tinha o direito de governar o povo de Israel. Esse
movimento foi o começo do que mais tarde se transformou no grupo dos zelotes;
mas a revolta dirigida por Judas foi esmagada por Roma.
38,
39. Gamaliel aconselhou o Sinédrio a confiar na
providência divina. Se Deus estivesse no movimento, este prosperaria; caso
contrário fracassaria.
40. A influência de Gamaliel era tão grande que ele
venceu a decisão do Sinédrio. Um castigo menor, o açoitamento, foi imposto,
provavelmente com trinta e nove golpes (II Co. 11:24), por desobediência à
primeira ordem do Sinédrio.
41,
42. Os apóstolos de modo nenhum desanimaram, pois
acharam que sofrer em nome de Jesus era uma honra. Continuaram suas atividades
ensinando e anunciando Jesus como o Messias, tanto em público no Pátio dos
Gentios, no templo, como, também nas reuniões dos cristãos nos
lares.
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