Interpretação Bíblica de Atos 4
Atos 4
B. A Primeira Oposição dos Líderes Judeus. 4:1-37.
Um dos propósitos
principais do Livro de Atos é mostrar que os judeus que rejeitaram e
crucificaram Jesus continuaram rebeldes contra Deus rejeitando o Evangelho do
Jesus ressuscitado e elevado aos céus proclamado pelos apóstolos. Este capítulo
descreve o começo dessa oposição, que culminou com os planos dos judeus de
matarem Paulo em sua última visita a Jerusalém (23:12-15; 25:1-3).
1. Foi tão grande a multidão que se ajuntou no
Alpendre de Salomão que a polícia do templo interveio. Os sacerdotes pertenciam
a um partido judeu chamado os saduceus. Discordavam dos fariseus
quanto à interpretação da Lei e também negavam a doutrina da ressurreição e da
existência dos anjos e demônios. O capitão do templo era um
oficial importante, com autoridade quase igual a do sumo sacerdote e tinha a
responsabilidade da preservação da ordem no Templo.
2. Os saduceus estavam preocupados porque Pedro e João
proclamavam persistentemente que Jesus ressuscitara dos mortos e anunciavam,
com base nessa ressurreição, a esperança de ressurreição dos homens. Os
fariseus criam na ressurreição futura. Os apóstolos declararam que Deus
providenciara agora nova base para esta esperança.
3. Sendo já bastante tarde, a polícia do templo, sob a
direção dos sacerdotes, prendeu os dois discípulos e os colocou na cadeia para
ali passarem a noite.
4. Lucas infere que esses acontecimentos tiveram
grande efeito sobre o povo, e muitos creram, de modo que o número dos crentes
chegou a cinco mil.
5, 6. Na manhã seguinte o Sinédrio se reuniu. Era a mais
alta corte dos judeus, e se compunha de autoridades ou
sacerdotes, anciãos e escribas. Escribas.
Estudantes profissionais e professores do V.T. Seus discípulos eram os
fariseus. Nessa ocasião Caifás era o sumo sacerdote presidente
do Sinédrio. Seu sogro, Anás, era o ex-sumo sacerdote e uma espécie
de estadista mais velho. O termo sumo sacerdote, ou melhor, principal
sacerdote, podia ser aplicado a diversos membros de famílias das quais
vinham os sumos sacerdotes. Nada sabemos sobre João e Alexandre.
7. Pedro e João foram levados à presença do Sinédrio e
desafiados a dizer com que autoridade, leigos como eles eram, agiam daquela
forma.
8-10. Pedro experimentou um novo revestimento do Espírito
para que pudesse se defender. Ele destacou que nada fez além de ajudar um
aleijado. O ex-aleijado estava de pé com Pedro e João, e Pedro declarou que a
sua cura fora efetuada em nome de Jesus Cristo de Nazaré, não por algum poder
que existisse nos próprios apóstolos.
11,
12. Pedro estava presumivelmente defendendo-se, mas
depois abandonou a defesa e começou a proclamar o Evangelho. Ele citou o Sl.
118:22, declarando que Cristo era a pedra que os construtores
da nação judia rejeitaram mas a qual Deus estabeleceu por mais importante pedra
do edifício. Além disso, disse que só nEle havia salvação; e que se os judeus
rejeitassem o poder salvador do Seu nome, não haveria outro meio de encontrarem
salvação. A destruição viria sobre eles e a nação. Pedra angular pode
designar tanto a pedra fundamental como o ângulo superior da juntura de duas
paredes. Salvação aqui provavelmente se refere à vida na
dispensação vindoura.
13. Esse discurso deixou o Sinédrio admirado. Iletrados
e incultos não se refere à sua inteligência ou capacidade de ler e
escrever, mas ao fato de que não eram escolados na tradição dos escribas, sendo
de fato leigos. Era coisa incomum que leigos sem preparo falassem com tal
eficiência e autoridade. Os líderes já sabiam que Pedro e João eram discípulos
de Jesus, mas lembravam-se agora do fato de que Jesus também, mesmo não sendo
educado nas tradições dos escribas (Jo. 7:15), também tinha deixado o povo
maravilhado com a autoridade com que falava (Mc. 1:22). Algo dessa mestria
autoridade refletia-se agora nos seus discípulos, e o milagre que fora
realizado sobre o aleijado tornou difícil negar a eficácia dessa autoridade.
15-17. Os dois discípulos foram mandados para fora
enquanto os membros do sinédrio deliberam. Embora Pedro e João não tivessem
infringido nenhuma lei, estavam ganhando uma popularidade perigosa. o sinédrio
deliberou que a única atitude possível era ameaçá-los, ordenando-lhes que não
-pregassem mais em nome de Jesus. O Sinédrio não tomou nenhuma providência,
conforme F.F. Bruce faz ver (Commentary on the Book of Acts), para
desacreditar a afirmação central da pregação dos apóstolos – que Jesus
ressuscitara dos mortos. A pregação dos apóstolos poderia ser facilmente
frustrada se a proclamação da Ressurreição fosse comprovadamente falsa. o corpo
de Jesus desvanecera-se tão completamente que o Sinédrio sentia-se inteiramente
impotente para refutar a mensagem.
18. Quando Pedro e João foram chamados de volta pelo
Sinédrio, não foram punidos mas ordenaram-lhes que deixassem toda e qualquer
pregação em nome de Jesus.
19,
20. Os apóstolos responderam que se lhes fosse
solicitado escolher entre a vontade de Deus e o decreto dos homens, teriam de
escolher nada mais nada menos que obedecer a Deus.
21. Os apóstolos ganharam tal popularidade que o
Sinédrio não se atreveu a provocar a ira do povo mandando puni-los. Além disso,
os saduceus não tinham o apoio do povo como os fariseus, e tinham que tomar
cuidado com a opinião pública.
22. A maravilha do milagre estava no fato de que esse
homem já tinha mais de quarenta anos de idade.
24. Seguiu-se uma reunião de oração, na qual os crentes
não pediram que Deus os livrasse de problemas e perseguições futuras, mas o
louvaram por ser Ele o Senhor de todas as coisas. Dirigiram-se-lhe chamando-o
de Soberano Senhor e não simplesmente Senhor.
25,
26. Os cristãos experimentaram a perseguição prevista
em Sl. 2:1-3. Os principais se opuseram tanto a Deus como ao seu Ungido ou Messias.
27. Novamente os crentes se referiram a Jesus
chamando-o de Santo Servo que também era o Ungido. Para
eles Herodes Antipas, tetrarca da Galileia e Pereia,
representava os reis da terra. Pôncio Pilatos, o governador
romano da Judeia, representava os príncipes. Os outros oponentes do salmo
identificaram como sendo os romanos (gentios) e os povos de Israel.
28. Por trás desses atos maus praticados por homens
perversos, eles sabiam, estavam o que a mão e o propósito de Deus
predeterminaram.
29,
30. Os cristãos não oraram pedindo segurança ou
proteção, mas que, em face da oposição, pudessem ser fiéis na proclamação da
palavra de Deus.
31. A resposta à sua oração foi uma renovação da
plenitude do Espírito Santo, que se manifestou na sua destemida proclamação da
palavra de Deus. Não foi, entretanto, um outro batismo com o Espírito.
32. Os versículos 32-37 contêm um novo resumo do
caráter da primitiva comunidade cristã semelhante ao de 2:42-47. Uma das
características principais dessa igreja cheia do Espírito era a unidade, o
sentimento de união que se manifestava na partilha dos recursos materiais.
34. Para suprir as necessidades dos cristãos pobres, os
crentes mais ricos vendiam terras ou casas e traziam o dinheiro para que fosse
usado em benefício de todos.
35. Os apóstolos supervisionavam este ministério do
amor, que era executada na base da necessidade pessoal e não na base da
igualdade.
36, 37. Um cristão se destaca especialmente: José, um cristão judeu, natural da Ilha de Chipre, que tinha parentes em Jerusalém (cons. 12:12; Cl. 4:10). Seu sobrenome, Barnabé pode significar filho da consolação ou filho do encorajamento ou exortação. Tais sobrenomes eram muitas vezes dados às pessoas para indicar seu caráter. bibliotecabiblica.blogspot.com
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