quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Interpretação Bíblica Evangelho de João 14 

João 14

capítulo 14 trata principalmente do encorajamento específico para contrabalançar a partida de Jesus, a deserção de Judas, e a predita queda de Pedro. E são: a provisão final da casa do Pai; a volta de Cristo para os Seus; a perspectiva de fazer coisas maiores; as possibilidades ilimitadas da oração; o dom do Espírito Santo; e a provisão da paz de Cristo.

1.   Se Pedro, o líder do grupo apostólico, falharia, é claro que os corações estivessem turbados. Essa palavra foi usada em relação do próprio Jesus em Jo. 11:33; 12:27; 13:21. "Ele experimentou aquilo que poderia confortar e controlar em nós" (T.D. Bernard, The Central Teaching of Jesus Christ).

Credes é, provavelmente, um imperativo em ambos os casos. Tudo parecia estar às margens de um colapso. Era necessário uma renovada fé em Deus. A causa de Jesus parecia estar diante da derrota; portanto a fé nEle era mais necessária do que nunca. Cada nova provação como cada nova revelação é uma chamada para a fé.

2.   Casa de meu Pai (cons. 2:16). O Templo em Jerusalém, com seus vastos pátios e numerosos gabinetes, sugere o antítipo do Céu. Muitas moradas. Lugares de habitação. A mesma palavra de 14:23. Eu vo-lo teria dito. O discípulo tem o direito de supor que tem uma provisão divina adequada mesmo quando não foi declarado. Vou preparar-vos. Como Pedro e João foram à frente preparar o recinto para a ceia, Jesus precedia os demais na glória para preparar "o cenáculo" para os Seus.

3.
  Voltarei. Gramaticalmente, é um presente do futuro, enfatizando ambos, a certeza da vinda e a natureza iminente do acontecimento. A vinda não enfatiza o Céu como tal, mas antes a reunião de Cristo e o Seu povo. Onde eu estou – a mais satisfatória definição do Céu. Esta linguagem espacial torna difícil interpretar o versículo como sendo uma provisão da contínua presença de Cristo com o Seu povo enquanto Este ainda se encontra na terra. A aplicação das palavras à morte do crente também não é apropriada, pois nessa experiência os santos de Deus partem para ir ter com Cristo (Fl. 1:23).

4.    Os melhores textos traduzem assim: Vocês sabem o caminho para onde vou.

5.  Tomé viu um problema duplo no pronunciamento de Jesus. Uma vez que ele como também os outros, não conheciam o destino, como poderiam conhecer o caminho?

6.      O caminho. Isto tem um destaque especial por causa do contexto. Foi um tanto antecipado no ensino sobre a porta (10:9). A verdade. Cristo como verdade torna o caminho digno de confiança e infalível (cons. 1:14; 8:32, 36; Ef. 4:20, 21). A vida (cons. 1:4; 11:25).

Ninguém vem. O verbo coloca Jesus ao lado de Deus e não ao lado do homem (Ele não disse "vai"). "Nenhum homem pode alcançar o Pai a não ser que compreenda a Verdade e participe da Vida que foi revelada aos homens por Seu Filho. Assim, apesar de ser o guia, Ele não nos guia a algo além de Si mesmo. O conhecimento do Filho é o conhecimento de Deus" (Hoskyns).

7.   As palavras sugerem o fracasso dos discípulos em conhecer Cristo como Ele realmente era. À vista desta última revelação, entretanto, não poderia haver justificativa para o fracasso em conhecer o Pai tão bem quanto o Filho. Alguns manuscritos dão uma tradução diferente. "Se vocês me conhecessem (como me conhecem), conheceriam também o meu Pai".

8. 
O desejo de uma experiência objetiva era forte – mostra-nos o Pai (cons. Êx. 33:17). Filipe sentia que conhecia Deus, mas não como Pai no sentido máximo que Jesus tinha em mente quando falou dEle. 

9. Há tanto tempo. Era pateticamente tarde para o pedido. O Filho estivera revelando o Pai o tempo todo (10:30). Isto estava no fundo de sua missão (1:18).

10.   É claro que Filipe tinha de crer que havia comunhão de vida entre o Pai e o Filho. Da união entre o Filho e o Pai vinham as palavras que Jesus falava. Das obras que Ele realizava vinha a demonstração de que o Pai habitava nEle e agia por intermédio dEle.

11.   A exortação transferiu-se de Filipe para os Onze. Crede-me. Isto é, aceitem meu testemunho sobre o meu relacionamento com o Pai. Uma opinião suficientemente elevada de Cristo torna sua auto-revelação em evidência final. Para aqueles que precisam de outra evidência, as obras estão lá para sustentarem a reivindicação.

12.  Obras... maiores. Não devem se restringir aos sinais que Jesus operou nos dias da sua carne. As obras não poderiam ser maiores do que as Suas em qualidade, mas maiores em extensão.

Porque eu vou para junto do meu Pai. Esta é a razão das obras maiores. As restrições impostas a Jesus pela encarnação podiam ser removidas, sua posição com o Pai podia ser relacionada às obras maiores de duas maneiras: respondendo às orações dos Seus, e enviando o Parácleto como fonte infalível de sabedoria e força. As obras, então, não seriam feitas independentemente de Cristo. Ele responderia as orações; ele enviaria o Espírito.

13, 14. Tudo quanto. O alcance da oração. Pedirdes. A condição da oração. Em meu nome. O terreno da oração. Isto envolve duas coisas pelo menos: orar com a autoridade deferida por Cristo (cons. Mt. 28:19; Atos 3:6) e orar em união com Ele, para que não se ore fora de Sua vontade. Isso farei. A certeza da oração. A fim de que o Pai seja glorificado no Filho. O propósito da oração. Se pedirdes. O se está do lado daquele que ora, não do lado de Cristo.

15.   Se me amais. Esta é a atmosfera na qual serão honradas por Seus servos não somente a ordem relativa à oração, mas todas as outras ordens do Senhor.

Guardareis está no imperativo, mas boas fontes documentárias pedem a forma futura "guardareis". O amor não é em primeiro lugar um predicado sentimental; é a dinâmica da obediência.

Meus mandamentos. Basicamente, só Deus pode mandar. A Divindade estava falando.

16.     Esses mandamentos só podem ser guardados no poder do Espírito Santo, chamado aqui o outro Consolador. Uma tradução melhor neste ponto seria Ajudador. A palavra outro coloca o Espírito em pé de igualdade com Jesus (cons. Fl. 4:13). No Espírito temos mais do que um ajudador ocasional – a fim de que fique convosco para sempre.

17.  O Espírito da verdade (cons. 15:26; 16:13). Ele é iluminador além de ajudador. Seu grande tema é Cristo, a Verdade (14:6; 15:26). Que o mundo não pode receber. O mundo é governado pelos sentidos. Uma vez que o Espírito não pode ser visto nem compreendido pela razão, Ele fica de fora da experiência consciente do mundo (cons. I Co. 2:9-14). Habita convosco. Uma presença constante, compensando o afastamento do Senhor. Em vós. Não apenas com eles na qualidade de uma presença permeando o corpo físico, mas habitando neles individualmente.

18.      O mesmo assunto prossegue. Órfãos. Desamparados. A necessidade dos discípulos seria atendida quando Cristo viesse na bênção da ressurreição. Isto traria com Ele a pessoa do Espírito (20:22). Assim como o Espírito estaria com eles e neles, também Cristo. Seria impossível diferenciar os dois, tal como o Filho e o Pai são indivisíveis (cons. II Co. 3:17). Cristo não estava falando de sua vinda futura, como no versículo 3, mas de uma vinda que atenderia uma necessidade imediata.

19.  Cristo seria objeto de vista para o mundo por apenas um tempo limitado. Então viria a morte, e ainda que seguida da ressurreição, isto não o restauraria aos olhos dos homens (Mt. 23:39). Os discípulos seriam capazes de vê-lo e de participarem de sua vida ressurreta porque estavam espiritualmente vivos.

20.      Naquele dia esses homens seriam capazes de captar o significado daquilo que Jesus estivera tentando lhes dizer sobre a Sua vida com o Pai, que era uma vida de interpenetração e comunhão, e também sobre Sua própria vida, que fora agora da mesma maneira elevada ao divino e impregnada dEle. ConhecereisGnôsesthe fala de descoberta. Nem é necessário dizer, isto não dá ao crente o direito de dizer que ele é Deus ou o Filho de Deus. A união não tem sentido separadamente da existência individual daqueles que a compõem.

21.    Jesus voltou ao assunto do amor e da obediência aos Seus mandamentos (cons. v. 15), mas à vista dos ensinamentos do verso 20, incluía agora a menção do Pai. Guardar os mandamentos de Cristo é prova de amor a Cristo. Este amor desperta o amor correspondente do Pai, cujo amor ao Filho é tal que Ele tem de amar a todos os que o amam. Produz também a manifestação do Filho ao crente. O que os discípulos desfrutaram através da manifestação física do Senhor ressuscitado após a Ressurreição, desfrutariam também no sentido espiritual através de todo o restante de sua peregrinação terrena.

22.  Judas, não o Iscariotes. A reputação do traidor era tão má que João toma o cuidado de não permitir qualquer confusão na identificação, apesar de que o outro Judas tivesse deixado o recinto. Este Judas não podia entender uma manifestação restrita aos poucos escolhidos, não que fosse impossível (ela estava acontecendo naquele momento) mas não parecia de acordo com a glória do ofício messiânico. Se Cristo tinha de voltar novamente, por que não ao mundo? Ficou perplexo com a declaração de Jesus no versículo 19.

23.  "A resposta a Judas é que a manifestação mencionada tinha de ser limitada, porque só podia ser feita onde houvesse comunhão de amor que se autenticasse pelo espírito de auto-negação e submissão às ordens de Jesus" (William Milligan e W.F. Moulton. Commentary on the Gospel of St. John). Esta manifestação além de ser muito pessoal, conduz também a um relacionamento permanente – faremos nele morada. Observe que o Filho tem a liberdade de empenhar o Pai em um certo curso de ação, outra indicação clara de divindade.

24. Eis aqui o corolário do lado negativo da verdade do último versículo. Mais uma vez Cristo confirmou a unidade da palavra do Filho com a do Pai.

25, 26. Isto... todas as coisas. Os ensinamentos de Cristo no tocante às novas condições da era vindoura era mais sugestiva do que completa (cons. 16:12). Essa deficiência tinha de ser vencida pela vinda do Espírito Santo. Seu ministério aos crentes tinha de ser, principalmente, ensinar-lhes (um dos grandes ofícios de cristo também; os dois estão combinados por implicação em Atos 1:1). Todas as coisas (cons. I Co. 2:13-15). Esses assuntos presumivelmente seriam baseados na pessoa e na obra de Cristo, proporcionando, assim, uma continuação dos ensinamentos de Jesus. Uma parte da obra do Espírito, na realidade, seria a de recordar o que Cristo tinha falado (cons. 2:22; 12:16).

27.      A paz. Uma palavra frequentemente relacionada com as despedidas (cons. Ef. 6:23. I Pe. 5:14). Mas isto é mais um legado do que um toque convencional. Deixo-vos (aphiêmi) é raramente usado neste sentido. Outro exemplo ocorre na Septuaginta, no Salmo 17:14. A minha paz, uma qualidade diferente de paz, diferente da paz do mundo, que seria abalada numa hora como esta quando a morte se encontrava tão perto. O dom de sua paz tornaria destemidos seus seguidores, assim como Ele (cons. 16:33).

28.    O Senhor não tinha a intenção de esconder o fato de Sua partida, mas Ele os lembrou que a tristeza da partida era aliviada pela promessa de voltar novamente.

Se me amásseis. Seu amor era ainda incompleto. O amor deseja o melhor para aquele que é amado. Os discípulos se regozijariam com a Sua volta ao Pai.

O Pai é maior do que eu. Isto nada tem a ver com o ser essencial, e não contradiz também João 10:30 e outras passagens. O Pai estava em posição de recompensar o Filho pela obediência até à morte. Aqui temos indicações de que a volta de Cristo ao Pai resultaria em bênçãos em benefício de Seus seguidores; por isso Sua alegria não seria inteiramente desinteressada.

29.  Todas as bênçãos derramadas no futuro corroborariam a palavra de Cristo e aumentariam a confiança e a fé dos discípulos nEle.

30.  O príncipe do mundo (cons, 12:31). Uma referência a Satanás. Aqui a significação imediata parece ser à traição de Judas, instrumento de Satanás, e a prisão de Jesus (cons. Lc. 22:53).

Nada tem em mim. Nenhuma participação na pessoa ou causa de Cristo (cons. 13:8). Aqui pode haver uma sugestão da verdade que Satanás nada tem em Cristo que seja seu de direito, que ele possa reclamar ou se apropriar para seus próprios interesses. Cristo é sem pecado e vitorioso sobre o mal.

31.   Exatamente aquilo que Satanás estava para realizar, isto é, a morte de Cristo na cruz, era aquilo que o Salvador tinha urgência de realizar. Mas Ele não o fez como vítima indefesa de Satanás, fê-lo por amor ao pai, sabendo que era mandamento do pai (sua vontade expressa). Levantai-vos, vamo-nos daqui. De modo algum parece certo que a ordem foi imediatamente obedecida. Há uma dificuldade em supor que o restante do discurso fosse pronunciado em um lugar público, até mesmo no Templo.

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terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Interpretação Bíblica Evangelho de de João 13 

João 13

A. O Lava-Pés. 13:1-17.

Dos Sinóticos ficamos sabendo como Jesus enviou dois dos Seus discípulos para prepararem o cenáculo para a festa e como planejou comungar com eles (Lc. 22:7-13).

1. Ora, antes da festa da Páscoa. Surgem as perguntas. A refeição no cenáculo foi uma refeição de confraternização, ou foi realmente a Páscoa? Em duas outras passagens João parece dizer que a Páscoa não tinha ainda chegado (13:29; 18:28). Os Sinóticos tornam claro que Jesus e os discípulos comeram a Páscoa. Esta disposição em João pode representar um protesto contra a observância oficial dos judeus neste dia, tendo por base um calendário diferente, de acordo com a prática da seita Qumran (Matthew Black, "The Arrest and Trial of Jesus and the Date of the Last Supper", no New Testament Essays: Studies in Memory of T. W. Manson, ed. por A.J.B. Higgins, págs. 19-33). Outra possibilidade é que as referências em João 13:29 e 18:28 feitas à Páscoa no futuro devem ser explicadas como referências à Festa dos Pães Asmos, a qual às vezes era chamada de Páscoa (Lc. 22:1). Ela começava imediatamente após a Páscoa e durava uma semana. Mesmo assim, a refeição aqui mencionada parece ter se realizado antes da Páscoa, quer fosse ou não a devida observância da festa anual. Hora. Considerada aqui não do ponto de vista do sofrimento mas de vindicação e retorno ao Pai (cons. 19:30; Lc. 23:46).

Amou-os até ao fim. Ou, no fim (à conclusão dos dias da preparação e antecipação). Esta expressão (eis telos) também pode significar "ao máximo" (cons. I Tes. 2:16).

2.   Durante a ceia. Outra tradução, largamente adotada atualmente, diz, enquanto a ceia se realizava. A atitude de Jesus de lavar os pés dos discípulos se encaixaria melhor do que depois. O amor de Jesus faz agudo contraste com o ódio de Satanás e Judas.

3.  Possuindo o conhecimento de Sua autoridade, Sua origem divina e Sua volta certa ao Pai, Jesus não fugiu à humilde tarefa. Este é o caráter do espírito da Encarnação.

4, 5. O material necessário para o lava-pés estava ali (cons. (Lc. 22:10), mas não havia servo (Jesus solicitara completo isolamento). Um dos discípulos poderia ter-se oferecido para fazê-lo, mas todos eram orgulhosos demais. A esta altura estavam discutindo qual deles seria o maior (Lc. 22: 24).

6.    Não se pode determinar se Cristo aproximou-se de Pedro em primeiro lugar. O que está claro é o sentimento de indignidade de Pedro para aceitar que o Senhor executasse tal serviço para ele. Os pronomes tu e mim são enfáticos. Corajosamente o discípulo declarou o que pensava.

7.    Na resposta de Jesus há uma ênfase parecida sobre o eu e tu (sabes). Agora... depois. Nenhuma referência ao Céu ou aos acontecimentos da noite, mas à iluminação do Espírito mais tarde.

8.   Mais impressionado com a injustiça da situação do que com o seu significado oculto, Pedro insistiu em que Jesus não lhe lavasse os pés. Mas a réplica do Senhor elevou o ato da condição de simples serviço servil para uma de significado espiritual. Não ser lavado por Cristo é estar impuro, é não ter parte com Ele. 

9. 
A alternativa de ser separado de Cristo era muito pior para Pedro do que a vergonha de ser servido dessa maneira por seu superior. Eis porque a impulsiva inclusão de mãos e cabeça. Todas as outras partes estavam incluídas, é claro. Pedro não queria que nada ficasse excluído de ser lavado.

10, 11. Pedro precisava saber que a virtude do lavar não era quantitativa, pois O ato era simbólico da purificação interior. Banhou (de louô) indica um banho completo.

Lavar... pés. Aqui a palavra é niptô, apropriada para a lavagem de porções individuais do corpo, tal como na narrativa anterior. A lavagem da regeneração torna uma pessoa limpa à vista de Deus. Isto está simbolizado no batismo cristão, que só se administra uma única vez. Purificação posterior das manchas de impureza não substitui a purificação inicial mas só tem significado à luz dela (cons. I Jo. 1:9).

Estais limpos, mas não todos. A referência é a Judas. Jesus sabia o que havia no seu coração e quais eram seus planos (cons. 6:70, 71). Com referência a limpos, veja 15:3. Judas não era um homem regenerado.

12. Compreendei o que vos fiz? O lado divino do ato já foi explicado em termos de purificação, mas o lado humano precisava ser apresentado – o ato como símbolo do que os discípulos tinham de fazer uns pelos outros.

13, 14. Se o seu superior, que era Senhor e Mestre (professor), estava pronto a realizar esta tarefa para eles, é claro que deviam fazê-lo uns pelos outros. Humildade não é abnegação essencialmente, mas desinteresse próprio em serviço dos outros.

15. O exemplo. Isto exclui qualquer pensamento de que o lava- pés seja uma ordenança. As Escrituras silenciam sobre a prática, salvo na qualidade de um serviço ministrado por causa do amor na questão da hospitalidade (I Tm. 5:10).

B. O Anúncio da Traição, 13:18-30.

Judas estivera na mente do Senhor mesmo durante o lava- pés (vs. 10, 11) . Agora já não era mais possível esconder a revelação de que haveria uma traição. Com grande sabedoria Jesus logrou que Judas soubesse que Ele estava cônscio de suas intenções e que o excluía de Sua companhia. Assim ele forneceu o tipo de atmosfera adequada para continuar com Seus ensinamentos.

18.  Não falo a respeito de todos vós. Judas não poderia lucrar com o exemplo dado no lava-pés.

Eu conheço aqueles que escolhi – inclusive Judas. As Escrituras já tinham declarado de antemão a traição deste homem (Sl. 41:9). O versículo não foi citado todo, pois a primeira metade não era aplicável.

19.   Qualquer tentação da parte dos outros discípulos para duvidar da sabedoria de Jesus na escolha de Judas foi assim prevenida, pois Cristo não foi tomado de surpresa. Depois da Paixão, esses homens poderiam olhar para trás e crer no seu Senhor mais firmemente do que nunca.

20.   Judas não continuaria como representante de Cristo, mas esses homens sim. Eles levavam o nome e a autoridade do Salvador. Aqueles que reagissem favoravelmente estariam reagindo ao próprio Cristo. Este princípio tem base no próprio relacionamento de Jesus com o Pai.

21.    Agora Jesus revelava a causa do estado perturbado de seu coração. Um traidor estava entre eles – um dentre vós.

22.   A perplexidade sobre a identidade do traidor tomou conta do círculo apostólico. Judas desempenhou bem o seu papel. Estava fora de suspeitas.

23.  O "discípulo amado" ocupava um lugar imediatamente ao lado de Jesus à mesa. Ele podia reclinar-se no seio do Salvador por causa da posição usada.

24.  Ansioso em saber quem era o traidor, Pedro, longe demais para perguntar o nome a Jesus, acenou para João fazer a pergunta.

25, 26. Em resposta à pergunta cochichada por João, Jesus identificou o traidor, não pelo nome, mas indicando que era aquele a quem passaria o bocado molhado, um pedaço dado como sinal de favor especial e unidade. Deu-o a Judas. Iscariotes provavelmente significa "homem de Querite", uma cidade da Judéia.

27.  Aceitar o bocado sem aceitar o amor suplicante que vinha junto significa que Judas estava endurecendo seu coração para fazer o que estava determinado a fazer – trair o Senhor. Fora descoberto e indignou-se. Desse momento em diante Satanás o controlou inteiramente. Faze-o depressa. Mais esforços em dissuadir Judas eram inúteis.

28.    Nenhum... percebeu. Parece que Judas estava assentado do lado de Jesus, do lado oposto de João. A palavra de ordem despedindo Judas não foi ligada à traição nas mentes dos outros.

29.   Sabendo que Judas era o tesoureiro, imaginaram que estivesse sendo enviado a fazer alguma compra para a festa ou de algo a ser distribuído entre os pobres (Ne. 8:10).

30.      E era noite. Numa obra tão sensível ao simbolismo e significado oculto como este Evangelho, estas palavras devem ter significado especial. Descrevem imediatamente a condição de trevas de Judas por se entregar ao ódio de Jesus e também a aproximação da hora quando os poderes das trevas engoliriam o Salvador.

C.  O Discurso no Cenáculo. 13:31 - 16:33.

Estas palavras preciosas de Cristo foram pronunciadas à luz de sua iminente partida para o Pai e tinham em vista as condições sob as quais os discípulos do senhor teriam de prosseguir sem sua presença pessoal (16:4). Três linhas principais de ensinamentos discernem-se aqui: 1) ordens referentes à tarefa que estava diante dos discípulos, a qual foi um testemunho frutífero enlaçado e permeado pelo temor; 2) advertências referentes à oposição que teriam de enfrentar do mundo e Satanás; e principalmente 3) uma exposição das provisões divinas com as quais os discípulos seriam sustentados e triunfariam nos dias futuros. De vez em quando os ensinamentos do Senhor eram interrompidos por perguntas, mostrando que os discípulos tinham falta de entendimento em muitos pontos.

31-35. Aviso da partida e ordem para que amassem uns aos outros.

31.    Agora foi glorificado o Filho do homem. Com a saída de Judas, rapidamente se preparava o cenário para aquela série de acontecimentos que glorificariam o Filho e o Pai. Na morte Cristo seria glorificado aos olhos do Pai (cons. I Co. 1:18, 24). O Pai veria na morte na cruz o cumprimento de Seu propósito. Só depois da Ressurreição os discípulos sentiriam a glorificação.

32.  Deus foi glorificado nele. Na ressurreição e exaltação de Jesus e no derramamento do Espírito sobre os discípulos, Deus manifestaria que Aquele que foi obediente até a morte, honrado agora por Sua fidelidade, era Aquele que era um com Ele exatamente como proclamou.

33.  Filhinhos. A terna afeição foi aguçada pela comoção do adeus. Os judeus o buscariam por curiosidade, e os Seus por causa de afeição pessoal ; em ambos os casos, porém, seriam em vão buscá-lO no sentido físico.

34.  Havia algo, entretanto, a que poderiam devotar vantajosamente suas energias.

Novo mandamento... Que vos ameis uns aos outros. Era novo no sentido de que o amor devia ser exercido na direção dos outros não porque pertencessem à mesma nação, mas porque pertenciam a Cristo. E era novo porque devia ser a expressão do amor sem-par de Cristo, o qual os discípulos viram na vida e veriam também na morte.

Como eu vos amei. Era, ao mesmo tempo, o padrão e o poder motivador do amor que devia se manifestar.

35.     Tal amor tinha de inevitavelmente ser um testemunho ao mundo. Perpetuaria a memória de Cristo e apontaria para a continuação de Sua vida, pois essa qualidade de amor só fora vista nEle. Os homens reconhecem a bênção que há em tal amor ainda que eles mesmos não sejam capazes de produzi-lo.

36-38. Pedro recusou-se a aceitar o prospecto da separação. Foi informado de que não poderia seguir a Cristo naquela hora, mas poderia fazê-lo mais tarde (cons. Jo. 21:19). Pronto a segui-lo agora Pedro estava pronto a dar a sua vida pelo seu Senhor. Tal autoconfiança exigia uma repreensão. A pretensa lealdade de Pedro produziria baixa rejeição, três vezes cometida.

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segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Interpretação Bíblica Evangelho de João 12 

João 12

P. Jesus em Betânia e Jerusalém. 12:1-50.

Os acontecimentos aqui incluídos são: Maria ungindo Jesus em Betânia (vs. 1-11) a Entrada Triunfal (vs. 12-19); a vinda dos gregos (vs. 20-26); Jesus sentindo a aproximação da Paixão (vs. 27 -36); a incredulidade do povo e seus líderes (vs. 37 -43); o último apelo público de Jesus em favor da fé (vs. 44-50). A ceia em Betânia foi narrada com certas variações em Mateus e Lucas.

1.  Seis dias antes da páscoa, isto é, no sábado. As outras narrativas dizem que foi na casa de Simão, o leproso. Só João menciona a presença de Lázaro.

2.   Deram-lhe pois, ali, uma ceia. Simão devia sentir-se grato por sua cura, e as irmãs de Lázaro pela ressurreição de seu irmão.

3.   Uma libra (litro), uma medida equivalente aproximadamente a 350 gramas. Nardo. O óleo de uma planta que cresce ao norte da Índia, muito caro pois era importado pela Palestina. Maria está sempre associada com os pés de Jesus (Lc. 10:39; Jo. 11:32).

Encheu-se toda a casa com o perfume do bálsamo. Isto é uma réplica característica às palavras de Jesus registradas nos Sinóticos dizendo que onde o Evangelho fosse pregado, no mundo inteiro, este ato seria contado em memória dessa mulher. A fragrância do ato teria larga divulgação e duradouro efeito.

5.  Judas calculou o valor do nardo em trezentos denários, ou seja, perto de sessenta dólares.

6.  Sua aparente preocupação pelos pobres era uma máscara para sua própria avareza. Acabara de perder a oportunidade de apropriar-se de uma quantia maior do que a costumeira. Evidentemente ele não precisava apresentar um relatório regular da tesouraria.

7.     Jesus protegeu Maria interrompendo a crítica. Deixai-a. Os Sinóticos dão a impressão de que Judas, muito sentido com a reprimenda, esgueirou-se e foi negociar com os principais sacerdotes a traição do Mestre. Jesus viu na atitude de Maria um significado profundo – para o dia em que me embalsamarem. Por mais que Maria quisesse ajudar os pobres normalmente, reservou essa porção preciosa para Cristo. Ela antecipou sua morte. Em contraste com os líderes, Maria cria na pessoa de Jesus; em contraste com muitos que criam de modo geral, sua fé incluía a obra do Salvador – sua morte.

9.   Lázaro tornou-se uma atração para muita gente que vinha vê-lO além de Jesus. Eram pessoas curiosas mas também solidárias.

10, 11. Em contraste, os principais sacerdotes encontraram na situação motivos para incluírem Lázaro em seus tenebrosos planos como alguém que estivesse promovendo a causa de Jesus. Um duplo homicídio não teria perturbado suas consciências já endurecidas. O próximo incidente tornou-se tradicionalmente conhecido como a Entrada Triunfal, embora esse título se aplicaria melhor à próxima vinda de Jesus.

12.    É claro que aqueles que procuravam honrar o Senhor eram peregrinos, não residentes em Jerusalém. Vieram para a festa da Páscoa.

13.   Só João menciona os ramos de palmeiras. Eles são citados pelo escritor de II Macabeus (10:7) em relação com a rededicação do Templo por Judas Macabeu depois da profanação pelos sírios.

Hosana. Uma palavra hebréia que significa Salve, eu lhe peço (cons. Sl. 118:25). No N.T. seu uso limita-se a este incidente. Às vezes não é uma oração, mas uma atribuição de louvor, e esse é o seu uso nesta passagem. Jesus está sendo saudado como o Rei de Israel, que viera com a autoridade do Senhor (Jeová). Esse povo esperava que Ele estabelecesse o reino de Davi com poder (cons. Mc. 11:10). A multidão estava cheia de expectativa messiânica (cons. Jo. 6:15).

14, 15. Jesus tendo conseguido. A história também se encontra em Mc. 11:1-6. João é o único evangelista que descreve o animal como sendo um jumentinho (onarion). O ato de Jesus cumpriu uma palavra de profecia (Zc. 9:9). O jumento, mais do que o cavalo, simbolizava o caráter manso e pacífico do Rei de Israel. O fato em si declarava que Jesus interpretava o acontecimento de maneira diferente da multidão.

16.  Só quando Jesus foi glorificado, só quando o Espírito veio para instruí-los e para relembrá-los das coisas de Cristo (7:39; 14:26), é que os discípulos viram toda esta cena à luz das Escrituras e do plano de Deus.

17, 18. João informa seus leitores que grande parte do entusiasmo demonstrado durante a entrada em Jerusalém era devido à ressurreição de Lázaro. As pessoas que estiveram com Jesus naquela ocasião testificavam o acontecido. Outro grupo, peregrinos da festa que apenas ouviram contar o milagre, foram ao encontro de Jesus saudando-o como herói "nacional.

19.  Esta onda de popularidade obscureceu o campo dos fariseus. No seu pessimismo declararam que todo o mundo o seguia.

20.    O movimento em prol de Jesus continuou no incidente dos gregos que expressaram o desejo de ver Jesus. Eram representantes do mundo num sentido mais amplo do que o ingerido pelos fariseus. Os gregos deviam aparecer agora, na véspera da Paixão. Eles lucrariam com a morte do Salvador, como a grande multidão de gentios que eles representavam.

Adorar. O costume judeu restringia-lhes o Pátio dos Gentios. Logo mais, em Cristo, a parede intermediária de separação seria derrubada. Parece que esses homens pareCiam-se com o Cornélio que surgiria mais tarde. Podia-se dizer que eram tementes a Deus, mas não eram prosélitos que tivessem procurado unir-se à congregação de Israel.

21.  Filipe é um nome grego. Este discípulo foi um ponto de contato natural com Jesus. Ver a Jesus, isto é, ter uma entrevista com ele.

22.  André também é um nome grego. Este discípulo parecia ter-se especializado em levar gente a Cristo (1:41; 6:8, 9).

23.     Sem se dirigir aos gregos diretamente, Jesus atendeu suas necessidades. Não teriam de esperar muito para se beneficiarem de sua missão – é chegada a hora. Glorificado. Isto se explica pelos versículos seguintes. No Evangelho de João a glorificação começa com a morte e inclui a ressurreição.

24.     Grão de trigo. A natureza fornece uma parábola sobre a carreira de Jesus. Sem a morte sua vida permaneceria isolada, sem poder de desenvolvimento. Morte é a chave para a frutificação espiritual.

25.     Quem ama a sua vida. O mesmo princípio se aplica ao discípulo. "Aquele que procura ajuntar à sua volta aquilo que é perecível, acaba perecendo junto; aquele que se despoja de tudo aquilo que só pertence a este mundo, prepara-se para uma vida mais elevada" (Westcott, op. cit.)

26. Siga-me. Servir a Cristo envolve segui-lo, mesmo enfrentando a morte. Isto será recompensado participando do glorioso futuro com Ele, incluindo ser reconhecido pelo Pai. Essa perspectiva está diante de qualquer homem (tanto o grego como o judeu).

27.   Falando dessas coisas, Jesus tornou-se mais cônscio do preço que logo pagaria pelo cumprimento do seu papel de Redentor. Salva-me. Este é um toque da agonia do Getsêmani. A natural inclinação de Jesus era de ser salvo daquela hora que estava se aproximando. Tal oração dá testemunho eloqüente da monstruosidade daquela hora. Mas a submissão de Jesus foi tão completa que teve de enfrentá-la. Por isso Ele veio. E assim a oração não foi prolongada.

28.  Outra oração tomou o seu lugar. Glorifica o teu nome. O Pai o faria como já capacitava o Filho a enfrentar a sua hora e realizar sua missão. Eu já o glorifiquei. A glória do Filho, manifesto na vida e obra até aquele momento, refletia glória sobre o nome do Pai. Outra vez, isto é, na Paixão, que resultaria na ressurreição e exaltação.

29.   A multidão, limitada em seu entendimento, interpretou mal o testemunho do Pai.

31.   A hora de Jesus, além de lhe proporcionar sofrimento, traria também juízo para o mundo pecador que o colocaria sobre a cruz, e ruína para Satanás, que comanda o sistema do mundo. O Cristo expulso expulsaria aquele que leva os homens a rejeitá-lO (cons. Cl. 2:15).

32.     O próprio Cristo, quando aparentemente derrotado, estaria realmente em posição de aproximar de Si mesmo os homens pelo poder do Seu sacrifício. A glória triunfaria sobre a vergonha. A vitória reluziria através da negra tragédia. Todos, incluindo os gregos, viriam para conhecer a influência do Seu amor redentor. A mim. A salvação é aproximação de Cristo, além de ser através dEle.

33.      De que gênero de morte. O levantamento refere-se à crucificação. Jesus sabia que não morreria apedrejado.

34.  O Cristo (Messias) que o povo aprendera a esperar da Lei (V.T. em geral) permanece para sempre. Como, então, poderia Jesus como o Filho do homem cumprir esta expectativa sendo levantado para morrer? Tal Filho do homem não se encaixava na expectativa messiânica. As esperanças que eles alimentaram na entrada de Jesus em Jerusalém estavam agora desfeitas.

35, 36. Antes que o contato com o povo fosse interrompido, Jesus o advertiu que a luz iria brilhar só por um tempo limitado. Se não O aceitassem, as trevas sobreviriam. Ao que parece a advertência não foi considerada. João resume aqui a resistência à luz que continuou até o fim (vs. 37-43).

37.   Os milagres não despertaram a fé da multidão no Senhor. Em João encontramos apenas exemplos dos tantos milagres.

38.    Esta falta de fé estava em concordância com a anunciação profética de Isaías (53:1). Significativamente, este é o capítulo em Isaías que destaca a morte do Messias.

39, 40. Não podiam crer. A dureza dos seus corações tornava isso inevitável.

Cegou-lhes ... endureceu-lhes. Esta atividade de Deus não pode ser considerada como um plano deliberado de tornar a fé impossível para aqueles que querem crer. Antes, é a resposta de Deus à incredulidade. O Senhor os teria curado se se convertessem (voltando-se para Ele), portanto a fidelidade dEle não pode ser impugnada. O endurecimento judicial é uma fase do juízo divino. A citação é de Is. 6:10.

Sejam por mim curados. Aqui Cristo é o sujeito.

41.   A glória dele, isto é, de Cristo. Tal como Isaías previu Seus sofrimentos (cons. v. 38), assim Ele via a Sua glória (Is. 6).

42, 43. Contudo prepara o leitor para uma exceção ao endurecimento geral de Israel. A identidade desses líderes que "creram" é   desconhecida. Falta de vontade de confessar Cristo, entretanto, lança a dúvida na perfeita genuinidade da fé desses homens (cons. 2:23-25). Provaram ser indignos da aprovação divina. Neste ponto João introduz a apresentação final que Jesus faz de Si mesmo à nação.

44, 45. Clamou enfatizando o caráter público do ensinamento e a sua urgência. Jesus reafirmou Sua missão recebida do Pai (12:44) e Sua unidade cem Ele (v. 45).

46. A luz. Cons. 1:7-9; 3:19; 8:12; 9: 5; 12:35.

47, 48. Se as palavras de Cristo fossem agora rejeitadas, elas agiriam como juiz no último dia. Suas palavras nunca passariam.

49.   Jesus só dissera aquilo que o Pai lhe dera para falar. Como, então, poderia ser Ele culpado de blasfêmia ou mentira?

50.  Vida eterna. Isto se encontra na palavra falada de Jesus, assim como se acha presente nEle como o Verbo (6:63; 1:14, 18).

Prof. Abdias Barreto. 85.988575757.


"Ao único Deus sábio, Salvador nosso, seja glória e majestade, domínio e poder, agora, e para todo sempre... Amem." 
 Prof. Abdias Barreto. 
Zap - 85.98857-5757.
Cel - 85.99905-5757.

sábado, 25 de dezembro de 2021

Interpretação Bíblica Evangelho de Joao 11.

João 11

O. A Ressurreição de Lázaro. 11:1-57.

Esta narrativa inclui a doença, morte e ressurreição do amigo de Jesus e a reação do Judaísmo oficial diante do milagre. Conclui com a notícia do despertamento do interesse popular por este homem que estava emocionando a nação. Esse Alguém que provara ser a Luz do mundo restaurando a vista de um cego provou agora ser a Vida dos homens, o Vencedor da morte.

1-4. João dá o cenário do milagre – a doença de Lázaro e a comunicação desse fato a Jesus. Maria e Marta são mencionadas como se já fossem conhecidas do leitor (cons. Lc. 10:38-42), mas Lázaro precisa de apresentação porque seu nome não aparece na narrativa de Lucas. É interessante notar que todos esses três nomes aparecem em inscrições de ossuários escavados na Judéia ultimamente, mostrando que os nomes eram comuns nesse período (V.F. Albright, The Archaeology of Palestine, pág. 244). O escritor antecipa-se a sua própria narrativa de 12:1-9 identificando Lázaro como o irmão da Maria que ungiu o Senhor (11:2). Transmitindo a informação da doença de Lázaro a Jesus, as irmãs demonstraram notável reserva, satisfazendo-se em declarar o fato, sem fazer nenhum pedido (v. 3). A menção do amor de Jesus por Lázaro foi, contudo, uma espécie de apelo em si mesmo, ainda que delicado.

Esta enfermidade não é para morte. No exato momento em que falava, Lázaro já estava provavelmente morto (cons. v. 39). As palavras pertencem a um significado mais elevado, associado com a glória de Deus, a qual também é do Filho. Uma ressurreição demonstraria essa glória (uma revelação do poder divino) melhor do que a restauração de um doente.

5, 6. Nota-se o amor de Jesus por toda essa família, desafiada contudo, ainda que aparentemente, por sua inatividade em permanecer onde estava por dois dias, sem se preocupar em retornar a Betânia. A última parte do capítulo ajuda a decifrar este mistério. Esperando, para depois vir e ressuscitar Lázaro dos mortos, Jesus suscitou tal oposição que a sua morte parecia certa. Essa foi a medida do Seu amor pela família de Betânia.

7-16. Discussão entre o Senhor e seus discípulos sobre a crise de Lázaro. Jesus propôs uma volta à Judéia – não Betânia, como se fossem visitar a família e depois retornar – mas Judéia mesmo, o centro da oposição. Os discípulos ficaram imediatamente preocupados. Parecia-lhes temeridade, como andar na direção de uma armadilha. Jesus acabara de escapar de um apedrejamento (11:8; cons. 10:31, 39). A resposta do Mestre pode ter sido enunciada logo após a madrugada. Aplicava- se a Ele e a Seus seguidores. Podia voltar seguramente à Judéia contanto que andasse na luz da vontade do Pai. Seus inimigos não lhe tocariam até que chegasse a Sua hora. Então, por um pequeno espaço de tempo, as trevas espirituais da oposição teriam permissão de se fecharem sobre Ele (v. 9). Quanto aos discípulos, cabia-lhes não andar nas trevas da vontade própria e separação dEle. Na falta da sua luz, eles realmente tropeçariam (cons. 9:4, 5).

Nosso amigo Lázaro, adormeceu. Não sabendo da sua morte, os discípulos interpretaram estas palavras do Senhor literalmente e acharam que havia esperanças para a sua recuperação. Mas Jesus usou a palavra "dorme" num sentido especial, referindo-se à morte do crente (cons. Atos 7:60; I Ts. 4:13). Logo a seguir anunciou bruscamente que Lázaro estava morto (Jo. 11:14). Outro paradoxo é que o Salvador disse que se alegrava por não ter estado lá. O motivo está claro. Se estivesse lá, Lázaro não teria morrido (nunca ninguém fê-lo em Sua presença); e nesse caso uma das maiores lições de fé a serem dadas aos discípulos através da ressurreição de Lázaro teria se tornado impossível (v. 15). Os discípulos nunca chegaram a um ponto de adiantamento que não necessitassem de confirmação e desenvolvimentO de Sua fé. Tomé, chamado Dídimo (gêmeo), foi o primeiro a responder à segunda proposta de Jesus de ir para a Judéia (11:15, 16; cons. v. 7).

17-19. Quatro dias. Ao que parece Lázaro morreu logo depois que o mensageiro foi enviado. Dando um dia para a sua viagem, dois dias para a demora de Jesus, e um dia para a sua volta, chegamos a esse total. A distância entre a Betânia além do Jordão e a Betânia perto de Jerusalém era de cerca de 32 quilômetros. Considerando que a casa ficava a apenas pouco mais de 3 quilômetros da cidade de Jerusalém (v. 18), muitos dentre os judeus acharam possível vir e oferecer condolências. Judeus aqui não se refere aos líderes. Sua presença era, entretanto, ambígua. Vindo a Betânia para acompanhar um enterro, alguns deles retornaram a Jerusalém como informantes (11:46).

20-27. O encontro entre Jesus e Marta. As duas irmãs aparecem nesta narrativa em papéis característicos. Marta, pronta para ação, foi aquela que deu as boas-vindas a Jesus. Maria, absorvida em sua dor, ficou quieta. Marta tinha uma queixa Jesus não estivera lá. Que diferença sua presença teria causado! Mas ela não estava criticando. Como já notamos, Lázaro já estava morto quando a notícia de enfermidade foi levada a Jesus. Marta encontrou em Jesus uma fortaleza. Suas palavras (v. 22), entretanto, quase desafiam a análise. Elas são uma expressão da confiança nEle, considerando-O tão achegado a Deus e capaz de obter um favor dEle; mas ressurreição imediata não parecia estar em sua mente (cons. v. 24). Ao afirmar a ressurreição de Lázaro, Jesus não mencionou a hora (v. 23). Marta subentendeu – no último dia; mas ela o disse sem entusiasmo, pois enquanto isso seu irmão permaneceria nos braços da morte. O Senhor tomou a iniciativa de corrigir a fé imperfeita de Marta (cf. v. 22) chamando sua atenção para o poder que tinha sobre a morte.

Eu sou a ressurreição e a vida. Neste caso a revelação da palavra precedeu a revelação do feito. O ensinamento vai além do caso de Lázaro e inclui todos que crêem. Duas verdades foram aqui declaradas. O crente pode morrer, como Lázaro, mas pelo poder de Cristo viverá, isto é, experimentará a ressurreição. Mas ainda mais importante é a posse da vida eterna obtida mediante a fé em Cristo. Aqueles que têm esta vida não podem morrer nunca no sentido de serem separados da fonte da vida (vs. 25, 26). Desafiada a crer nisto, Marta fez aquela confissão por causa da qual este livro foi escrito (11:27; 20:31), mas ela não compreendeu as implicações de sua própria declaração. Para ela, Cristo ainda não era o Senhor absoluto da vida e morte, um Salvador completo (cf. vs. 39, 40).

28- 32. Jesus e Maria. Marta contou calmamente (em particular) à Maria a notícia de que o Mestre viera, provavelmente esperando tornar possível um encontro particular de sua irmã com Jesus. Mas os judeus que estavam presentes seguiram Maria ao lugar fora da aldeia onde Jesus e Marta tinha se encontrado, porque pensaram a princípio que ela estivesse deixando a casa para ir à sepultura. Em prova de reverência e de seu desamparo, Maria lançou-se-lhe aos pés. Suas primeiras palavras foram iguais às de Marta. Provavelmente esse sentimento foi expresso repetidas vezes entre as duas depois da morte do irmão.

33-37. A tristeza de Jesus. Agitou- se no espírito. A palavra grega para agitou-se, repetida no versículo 38, parece que normalmente transmite a idéia de raiva por causa de alguma coisa. Considerando que Cristo não poderia ter sentido raiva para com Maria e os amigos que choravam com ela, é provável que essa profunda emoção fosse devido ao seu íntimo protesto contra a devastação que o pecado introduziu no mundo, com enfermidade e morte e tristeza por terrível conseqüência. A caminho da sepultura, Jesus chorou, vertendo lágrimas. Foi um choro silencioso contrastando com o clamor audível sobre Jerusalém ((Lc. 19:41). Os judeus que estavam presentes viram também evidências de Sua limitação. Ele dera vista aos cegos (Jo. 11:9), mas a morte era grande demais para o Seu poder (v. 37). Talvez na segunda vez em que se perturbou houvesse um misto de indignação por causa dessa visão míope do Seu poder.

38-44. O milagre propriamente dito. Essa gruta em Betânia já foi descrita por alguém que a visitou atualmente como profundamente cavada na rocha. Tirai a pedra. Só Cristo podia ressuscitar mortos, mas outros podiam participar de acordo com a sua capacidade. Marta, perturbada diante de uma ordem tal, vinda de Jesus, tentou interpor objeção; ela achava que o corpo certamente já tinha começado a se decompor. Quatro dias já tinham passado desde a morte. Sem dizer o que propunha-se a fazer, Jesus incentivou a fé de Marta, fazendo-a lembrar -se de suas palavras anteriores, aparentemente voltando ao assunto do versículo 23. Mas desta vez Ele declarou o iminente acontecimento em termos de glória de Deus (cons. 11:4). A glória aqui era o poder de Deus em operação, declarando a sua soberania (cons. 2:11). Não poderia haver agora um retorno; a pedra já fora removida (v. 41). Só uma coisa restava a ser feita. Por amor da multidão era preciso esclarecer que aquilo que ia ser feito seria feito através da comunhão de vida e poder desfrutada pelo Filho com o Pai – para que eles cressem. Não era um pedido para ser ouvido mas uma ação de graças pelo constante laço de comunhão e compreensão.

As garras da morte foram quebradas pela voz de autoridade que chamou, Lázaro, vem para fora. Cristo declarou que virá o dia quando todos os mortos justificados obedecerão semelhantemente a essa mesma autoridade (cons. 5:28, 29). O Senhor não tocou no trabalho das mãos amorosas que preparam o corpo para o sepultamento, para que elas mesmas pudessem ter a alegria de desfazer esse trabalho libertando Lázaro (Lembre-se da participação humana em remover a pedra.)

45, 46. O milagre resultou em uma resposta caracteristicamente diferente. Muitos... dentre os judeus... creram; outros foram ter com os fariseus e contaram o que tinha acontecido.

47-50. O efeito sobre o Sinédrio. Este foi um dentre os muitos sinais. Os líderes sentiam-se completamente frustrados. O que deviam fazer? Expressaram seus temores de que todo o povo cresse nEle – no sentido de lhe dar seu apoio e segui-lo como o Messias. Isto certamente provocaria os romanos que viriam sobre os judeus com força, uma vez que interpretariam tal coisa como revolução política. Então os judeus perderiam o seu lugar (Templo) e a nação. Sob o poderio dos romanos, desde o tempo de Júlio César, eles desfrutavam de certos privilégios como "a nação dos judeus". Exatamente a situação que eles temiam desenvolveu-se em resultado da guerra dos judeus contra Roma, nos anos 66-70 A.D. Repreendendo o grupo com "Vós nada sabeis", Caifás idealizou um plano que era cruel, mas simples: Acabar com o ofensor. Fazê-lo morrer pelo povo, para que toda a nação não perecesse.

Naquele ano. Não foi uma referência ao mandato do ofício, mas à importância daquele ano para Israel e o mundo.

51, 52. João queria que seus leitores se conscientizassem do fato de que estas palavras do sumo sacerdote eram proféticas. As palavras, de certo modo, foram colocadas em sua boca. Profetizou. Aqui temos um Balaão que teria amaldiçoado a Jesus, mas da profecia surgiu a concretização do propósito de Deus de que Cristo morreria pela nação, num sentido vicário e redentivo, e até para um grupo ainda maior, todos os filhos de Deus dispersos, numa perspectiva futura, que seriam reunidos nEle. (Conf. 10:16.) Como foi bom que um homem que exerceu o cargo de sumo sacerdote tivesse, sem saber, apresentado a obra de Cristo como o Cordeiro que tira o pecado do mundo!

53, 54. O conselho do sumo sacerdote solidificou o propósito do concílio de modo que, daquele momento em diante, ficou plenamente estabelecido que Jesus tinha de morrer. Por causa disso Jesus achou melhor retirar-se daquela área e foi para um lugar chamado Efraim, perto do deserto. Tem-se tentado identificar esse lugar como situado a doze milhas mais ou menos ao norte de Betânia, perto do lugar onde o planalto começa a descer abruptamente para o vale do Jordão.

55- 57. Com a Páscoa que se aproximava, Jesus não podia se ausentar da cidade por muito tempo. Embora o momento não estivesse ainda chegado, Efraim não era o substituto do cenáculo. Os próximos passos de Jesus ficaram envoltos em silêncio. João chama nossa atenção para os peregrinos que começavam a dirigir-se para Jerusalém. Na sua maioria eram simpáticos para com Jesus, contrastando com as autoridades, e trocavam idéias uns com os outros sobre se o seu herói teria a coragem de enfrentar a oposição do concílio indo à festa. Se os líderes tinham alguma autoridade sobre o povo, deviam ter muitos informantes (v. 57).

 

Prof. Abdias Barreto. 85.988575757.


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