Interpretação Bíblica Evangelho de João 17.
João 17
D. A Grande Oração.
17:1-26. Jesus incluiu-se nesta oração (vs. l-5), mas sua
principal preocupação era pelos Seus. Nas duas partes o elemento da
dedicação está fortemente associado à petição.
1. Pai. Regularmente usado nas orações de Jesus e seis vezes aqui. É
chegada a hora, o tempo é indefinido, como algo bem
conhecido entre Pai e Filho. Era ao mesmo tempo a hora do sofrimento e
da glorificação. Glorifica a teu Filho. Capacita-o a
concluir Sua carreira, realizando a salvação para a qual veio. Está claro
que Cristo aqui não procurava alguma honra para si próprio pois na Sua
glorificação através da morte, ressurreição e exaltação, Ele buscava
apenas a glorificação do Pai.
2. Esta glorificação do Pai incluía nela a elevação do Filho à
glória e ao poder, onde Ele está como cabeça sobre todas as coisas (cons.
Mt. 28:18). Autoridade. Aqui tem-se em vista
especialmente a garantia da vida eterna, com base na obra de Cristo
consumada. Os beneficiários são descritos como aqueles a quem o Pai deu ao
Filho. Esta é a descrição dos discípulos muitas vezes mencionada na oração
(vs. 2, 6, 9, 11, 12, 24).
3. A vida eterna foi apresentada em termos de conhecimento de Deus
(cons. I Jo. 5:20). Os judeus não conheciam Deus, embora soubessem muito a
respeito dEle. Esta é a proclamação deste versículo e de todo este
Evangelho que o conhecimento de Deus, que produz a vida eterna, só vem
mediante o conhecimento do Filho. Uma vez que o Filho e o Pai são um, o
conhecimento é um. O conhecimento de Deus implica no conhecimento dos Seus
caminhos e da Sua pessoa, e assim inclui a percepção do Seu plano de
salvação do pecado. Jesus Cristo (cons. 1:17). Raro nos
Evangelhos mas comum nas Epístolas.
4. Eu glorifiquei-te na terra. Isto nosso senhor explicou em
termos de consumação da obra que o Pai lhe deu para executar - a revelação
do Pai, a denúncia do pecado, a escolha e o treinamento dos Doze, e
mais que tudo a morte na cruz, que era tão certa que podia ser considerada
já realizada. Consumando. Significa aperfeiçoado além de
terminado.
5. Tendo falado sobre a Sua obra na terra (v. 4), O Filho
agora buscava a glorificação com o Pai no reino celeste. Assim o contraste
é duplo, consistindo de lugar e pessoa. Junto de ti. Na tua
presença. Antes que houvesse mundo. Cons. 1:1, 2. Os
versículos 6-8 são transicionais, ainda tratando da obra de Cristo na
terra mas preparando o caminho para pedidos em favor dos
discípulos. 6. Uma grande parte da obra do Filho na
terra foi tornar o Pai conhecido dos discípulos (cons. 1:14; 14:7-9). O
sucesso deste processo está implícito no fato de que esses homens foram
dados ao Filho pelo pai, seu entendimento não era perfeito mas ele existia
e estava em desenvolvimento. Têm guardado a tua palavra. Nenhuma
referência primariamente à obediência deles às ordens ou ensinamentos
individuais, mas a sua presteza em aceitar o Filho, Sua mensagem e missão,
até onde eram capazes.
7, 8. Os discípulos avançaram até o ponto de compreenderem que o caráter,
os dons e os trabalhos de Cristo deviam remontar ao Deus invisível, em
cujo nome Ele viera. Particularmente, os discípulos apropriaram-se da
revelação da verdade em Cristo, reconhecendo-a como verdadeiramente de
Deus. Alcançaram assim um ponto de desenvolvimento onde era seguro
deixá-los. No seu trabalho futuro representariam alguém que representara o
Deus vivo. Que tu me enviaste. Esta expressão ressoa
através da oração (vs. 3, 8, 18, 21, 23, 25). Era uma proclamação
frequente nos discursos de Cristo. Tendo mencionado as qualificações dos
discípulos como Seus representantes no mundo, agora o Senhor intercedia
por eles.
9. Não rogo pelo mundo. Isto não significa que Cristo
nunca orasse pelo mundo (cons. Lc. 23:34). Mas orou pelos discípulos
porque eram o meio escolhido de alcançar o mundo depois que Ele o
deixasse (vs. 21, 23).
10. Todas as minhas coisas são tuas. Portanto a
preocupação do Pai em ouvir e atender são igualmente compreensíveis. O
interesse de propriedade é mútuo. Neles sou glorificado.
Neles se refere às coisas que o Pai e o Filho têm em comum, ou
melhor, os discípulos que foram mencionados no versículo precedente. Era
para a glória de Cristo que, no meio da incredulidade e rejeição geral,
esses homens se atrevessem a confiar nEle e a servi-lO. A palavra glorificado está
no tempo perfeito, sugerindo a continuação do seu testemunho de
Cristo. A primeira petição específica era pela preservação dos
discípulos do mal que está no mundo (vs. 11-15). Isto por seu lado servia
a um outro propósito, que foi fortemente enfatizado no restante da oração,
isto é, que eles fossem um.
11. Guarda. Usado no sentido de supervisão protetora, como em Jo.
5:18. O caráter de Deus sendo inteiramente adverso ao mal e
portanto interessado na preservação dos Seus filhos, foi enfatizado no
vocativo, Pai santo. De maneira positiva, esta preservação
uniria os discípulos, refletindo a unidade que há entre o Pai e o Filho. O
laço de união é o santo amor de Deus. Via-se esta unidade na igreja
primitiva (Atos 1:14; 2:1, 44, 46).
12. O mais autêntico texto grego diz: Guardava-os no teu
nome que me deste. Além de guardar os seus discípulos pela
autoridade do Pai, Ele também os guardou pela verdade e poder da natureza
de Deus, os quais Ele mesmo revelou. O filho da perdição. A
palavra perdição tem a mesma raiz que a palavra perdido.
Jesus dizia que a perda não era um desvio do Seu poder de guarda na
qualidade de pastor do rebanho. Antes, Judas nunca lhe pertenceu realmente
a não ser no sentido nominal e externo (cons. 13:10, 11). A ideia em perdição é
exatamente o oposto de preservação. A Escritura. Sl.
41:9.
13. Mas agora vou para junto de ti. Contido aqui está o
motivo de toda oração e todos os pedidos contidos nela. A necessidade que
os discípulos tinham de gozo era particularmente aguda à luz da
deserção de Judas. Os discípulos precisavam perceber que tal acontecimento
não refletia-se no Senhor ou neles. Não devia conspurcar a sua alegria
de posse da verdadeira vida e fé. Se Cristo podia se regozijar mesmo
no meio de tais coisas (meu gozo), eles também podiam.
14. A recepção da palavra de Cristo identificava esses homens com Ele e
os separava do mundo, que o rejeitava e odiava e tinha, portanto,
a mesma atitude para com eles.
15. Apesar da unidade de Cristo e os Seus, Ele não podia orar pedindo
que o Pai os retirasse do mundo. Fazê-lo seria frustrar o propósito de sua
vocação e treinamento. Trabalhando e testemunhando, eles precisavam ser
guardados do mal; caso contrário, seu testemunho deixaria de
ser puro. A referência pode ser muito bem ao próprio diabo (cons. Mt. 6:13; I
Pe. 5:8).
16. Como homens regenerados, os discípulos já não pertenciam mais ao
mundo do reino do mal espiritual, ainda que morassem no mundo da entidade
física.
17. Santifica-os na verdade. Esta é a segunda oração em
benefício dos discípulos. Santificar significa separar
para Deus e santos propósitos. Aquilo que revela a santa vontade de Deus
na sua verdade, e especificamente aquela verdade conforme
preciosamente guardada na palavra das Escrituras. Nela se fica
sabendo o que Deus exige e como Ele capacita as pessoas a cumprirem a
exigência.
18. Ser enviado ao mundo por Cristo como Ele foi enviado pelo Pai é a
mais alta dignidade concedido aos homens.
19. Cristo não precisou se santificar, pois já era santo. Mas
Ele precisou dedicar-se (santificar-se) à sua vocação, para que os
discípulos tivessem, além do Seu exemplo, também Sua mensagem para
proclamar, e o poder que derivou do Seu sacrifício, a fim de proclamá-la
com resultados.
20, 21. A oração se estende incluindo aqueles que crerão por causa do
testemunho desses homens (cons. 10:16; Atos 18:10). A fé é a condição
necessária para desfrutar da vida de Deus e, consequentemente, para
participar daquela unidade que se encontra em primeiro lugar na Divindade
e depois no corpo de Cristo, a Igreja. A unidade basicamente pessoal em
nós, seu efeito será o de estimular a fé àqueles que estão no mundo (cons.
13:35).
22. A glória. Sem dúvida isto se refere à final posição celestial
da Igreja, mas inclui também o privilégio de servir e sofrer, tal como
a missão que o Pai concedeu ao Filho. Este privilégio ajuda a unir
os santos quando exercido à luz de Cristo, nosso precursor por trás do
véu.
23. A fim de que sejam aperfeiçoados na unidade. Isto tem de
ser realizado, não por esforços humanos mas pela graciosa extensão
da unidade da Divindade àqueles que pertencem a Cristo. Esta não é
uma unidade mecânica. Seu cimento é o amor de Deus concedido
aos homens, esse mesmo amor (é maravilhoso dizer) que o Pai tem ao Filho.
24. A oração final. A minha vontade. O espírito da
Encarnação era, “Não a minha, mas a tua vontade “. Jesus devia estar
orando à luz da obra consumada, a qual Lhe dava o direito de se expressar
desse modo. Sua vontade, sem dúvida, não deve ser considerada como algo
realmente independente da vontade de Deus. Esta oração foi feita com base
nesta última. Participar do amor de Deus em Cristo só pode
resultar consequentemente da participação da presença de Cristo – onde
eu estou, estejam também comigo. União leva à comunhão,
uma comunhão do amor exposto num cenário de glória (cons. v.
5).
25. Pai justo. Ele é justo 1) ao excluir o mundo dessa glória,
porque não conheceu e portanto não o ama, e assim não pode ter um lugar nessa
união final, e 2) ao incluir aqueles que vieram a conhecê-lO, através do
conhecimento que Cristo tem e transmite.
26. Transmitir o conhecimento de Deus significa transmitir amor, pois Deus é amor. Isto não é simplesmente um rótulo ou um atributo frio. Cristo conheceu a realidade e o poder do amor do Pai por Ele e pediu-Lhe que Este alegrasse e aquecesse as vidas daqueles que eram Seus, com os quais a Sua vida estava agora tão intimamente ligada.
Prof,
Abdias Barreto. 85.98857-5757.
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