segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Interpretação Bíblica de Atos 7 

Atos 7

1. O sumo sacerdote e presidente do Sinédrio ainda era Caifás, que presidira o julgamento e a condenação de Jesus.

2. O discurso de Estêvão que se segue não foi realmente uma refutação das acusações apontadas contra ele mas antes uma afirmação positiva do testemunho de Jesus Cristo e do Evangelho. Estêvão não tentou mostrar que as acusações contra ele eram falsas. Pelo contrário, ele apresentou a sua convicção de que o Templo e a terra da Palestina não eram necessárias para uma verdadeira adoração a Deus. Esboçou um pequeno resumo da história de Israel para mostrar: a) que Deus abençoara seus pais mesmo quando esses homens não viviam na terra da Palestina; b) que durante muito tempo na história de Israel os judeus não adoraram a Deus no Templo; c) e que mesmo possuindo o Templo Israel continuou sendo rebelde e desobediente a Deus. O propósito desse discurso foi o de mostrar, na história de Israel, que a posse do Templo não era nem uma necessidade nem uma garantia para a verdadeira adoração a Deus. E isto serviu para substanciar o ponto principal, que tendo vindo o Messias, a adoração dos judeus no Templo em Jerusalém estava ultrapassada.

Deus não chamou Abraão na Terra Prometida mas quando se encontrava distante, na Mesopotâmia. Estêvão referiu-se a uma visita divina enquanto Abraão ainda se encontrava na Mesopotâmia, do que resultou sua ida a Harã, onde morou durante algum tempo e de onde partiu mais tarde para a Palestina. Gênesis 11:31, 32 não registra essa primeira visitação divina; mas Gn. 15:7 e Ne. 9:7 ambas indicam que a chamada divina a Abraão foi feita originalmente em Ur dos Caldeus na Mesopotâmia.

5. Embora Abraão habitasse na terra da Palestina, na realidade não possuiu a terra, mas apenas a considerou uma promessa de Deus a ele e seus descendentes. A bênção de Abraão, portanto, não dependia da posse da terra mas da promessa de Deus.

6, 7. Os descendentes de Abraão não possuíram a terra imediatamente, mas passaram quatrocentos anos no cativeiro fora da Palestina. Quatrocentos anos é um número redondo (cons. Gl. 3:17, onde o período é de 430 anos).

8. Deus fez a aliança com Abraão e seus descendentes, dando-lhes o sinal da circuncisão como selo do acordo. Essa bênção da aliança, Estêvão inferiu, não dependia da existência do Templo mas das promessas e fidelidade de Deus.

9, 10. Mesmo quando os patriarcas venderam José... para o Egito, Deus não o abandonou por se encontrar fora da terra, mas concedeu-lhe um maravilhoso livramento, fazendo dele o governador daquela nação e da casa de Faraó.

11-15. Quando houve uma grande fome no Egito e na Palestina, Deus concedeu a José a visão de reservar mantimentos no Egito para preservação dos patriarcas. Jacó e sua família emigraram para o Egito, onde foram protegidos por José. O número setenta e cinco segue a septuaginta com a tradução grega do V.T.; o número setenta em Gn. 46:27 e Êx. 1:5 é do texto hebraico. Esses dois textos refletem duas maneiras de se contar a família de Jacó.

16. Embora os patriarcas morressem no Egito, seus corpos foram levados de volta à Palestina e foram sepultados na terra que Deus prometera a Abraão e sua semente.

17- 43. Estêvão fora acusado de blasfêmia contra Moisés. Ao contar a história de Moisés e da Lei, ele mostrou que a posse da Lei não protegeu Israel da rebelião contra Deus.

17. Ao se aproximar o tempo em que Deus prometera tirar os patriarcas do Egito para lhes dar a terra de Canaã, o povo não sentiu inclinação para deixar o Egito, onde estava aumentando e prosperando.

18, 19. Então Deus levantou outro rei no Egito que não continuou dispensando favoritismo a José e sua família, mas que tratou os israelitas fraudulentamente, compelindo-os a destruir todas as suas criança por abandono.

20, 21. Moisés, que nasceu nessa ocasião, era formoso aos olhos de Deus. Quando, após três meses, seus pais tiveram de enjeitá-lo, a filha de Faraó... criou como seu próprio filho dentro da família real.

22. Como filho da filha de Faraó, Moisés recebeu a melhor educação que havia no Egito, tornando-se um jovem eloquente e de ação vigorosa.

23. Depois de chegar à idade adulta, Moisés tomou a decisão de deixar o palácio de Faraó a fim de visitar seu povo. Ao que parece, durante esses quarenta anos, não teve nenhum contato com o seu povo, vivendo como um egípcio na casa de Faraó.

24, 25. Quando viu um dos israelitas sendo maltratado, tomou a sua defesa e, feriu o egípcio, matando-o. Moisés pensou que os seus o reconheceriam como enviado por Deus para libertá-los; mas eles não reconheceram este fato.

26. No dia seguinte, quando Moisés encontrou dois israelitas brigando, tentou reconciliá-los, destacando que eram irmãos e portanto não deviam brigar entre si.

27, 28. O agressor rejeitou fortemente a sugestão de paz feita por Moisés. Acusou-o de intromissão e de querer suborná-lo para esconder o crime que cometera contra o egípcio no dia anterior.

29. Quando Moisés viu que era conhecido como assassino de um egípcio em defesa dos israelitas, fugiu do Egito e tornou-se peregrino em Midiã, ao noroeste da Arábia. Casou-se ali e teve dois filhos.

30. Foi aí no Monte Sinai, longe da Terra Prometida e sem nenhum templo, que Deus se revelou maravilhosamente a Moisés.

31, 32. A princípio Moisés não compreendeu o que significava a sarça ardente. Então Deus lhe falou, revelando-se como o Deus dos patriarcas. A voz do Senhor encheu Moisés de temor, de modo que nem se atreveu a olhar para a sarça ardente.

33. Esse desolado lugar no deserto foi transformado em lugar santo porque Deus apareceu ali. Consequentemente Ele ordenou a Moisés que removesse seus sapatos em sinal de reverência. Onde quer que Deus apareça e fale aos homens, o lugar é santo.

34. Deus assegurou a Moisés que não esquecera o Seu povo, ainda que estivesse no Egito, e que logo cumpriria Suas promessas, libertando os israelitas.

35. Deus inverteu o julgamento dos irmãos de Moisés. Zombaram dele porque pensavam que estivesse tentando agir como autoridade e juiz; Deus fez de Moisés um chefe e libertador do seu povo no Egito. Libertador dá a ideia de redentor.

36. Essa redenção foi realizada com demonstração de prodígios e sinais no Egito, na travessia do Mar Vermelho e nos quarenta anos de viagem do Egito à Terra Prometida.

37. A experiência de Moisés apenas foi uma sombra dAquele maior que viria depois dele. Pois Moisés previu a vinda de um outro profeta, a quem Israel deveria dar atenção (Dt. 18:15, 18, 19).

38. Sob a liderança de Moisés, Israel foi um tipo da Igreja. A palavra grega para igreja, ekklésia, foi usada em Dt. 18:16 descrevendo Israel na posição de congregação de Deus.

O anjo. O anjo particular do Senhor que representa Deus e torna Sua presença real aos homens. Moisés recebeu também oráculos vivos de Deus, isto é, a Lei do V.T. (Êx. 20). Todas essas bênçãos o povo de Israel desfrutou da mão de Deus enquanto ainda se encontrava no deserto fora da terra e sem um templo.

39. Apesar dessas bênçãos vindas da mão de Deus, os israelitas não obedeceram a Deus, rejeitaram a Moisés e quiseram voltar ao Egito. 40. Quando Moisés se encontrava na montanha, o povo exigiu que Arão fizesse ídolos para serem adorados. Em vez de adorarem a Deus, seu Criador, adoraram um bezerro de ouro que eles mesmo fizeram (Êx. 32:16, 18). Dera como desculpa o fato de Moisés ter desaparecido e que não sabiam o que lhe tinha acontecido.

41. Estêvão estava sob a acusação de blasfêmia contra Moisés. Sua exposição da história mostrou que os antepassados dos seus acusadores, eles mesmos falharam em guardar a lei de Moisés e rejeitaram a ordem divina de adoração para adorarem ídolos.

42. Essa tendência para a idolatria, refletiu-se através de todo o curso da história de Israel, chegou ao seu clímax no cativeiro da Babilônia, quando Israel imitou seus vizinhos adorando os planetas dos céus como se fossem divindades (Dt. 4:19; 17:3; II Reis 21:3, 5; 23:4, 5; Jr. 8:2; 19:13; Sf. 1:5). Deus abandonou Israel a esta adoração pagã idólatra. Estêvão citou Amós 5:25-27 para dar um exemplo da apostasia de Israel. A diferença entre a passagem de Amós e a de Atos nas versões em português deve-se ao fato de que Estêvão citou a tradução grega do V.T., a qual neste ponto se desvia do original hebreu. Estêvão mostrou que os sacrifícios oferecidos a Deus eram apenas formas externas e não possuíam nenhuma realidade espiritual (cons. Is. 1:10-14, onde Deus rejeita os sacrifícios do seu povo porque não vinham de um coração obediente.)

43. Moloque e Renfã eram duas divindades associadas às estrelas. A idolatria dos judeus com o bezerro no Sinai e sua adoração a Deus, formal e não espiritual, através dos sacrifícios no deserto, levou-os afinal à adoração das divindades astrológicas pagãs. Por causa dessa apostasia, eles atraíram o juízo de Deus na forma do cativeiro além da Babilônia.

44, 45. A apostasia de Israel ocorreu apesar do fato de Deus lhe dar uma testemunha evidente. No deserto, Deus ordenara a Moisés que construísse um tabernáculo ou tenda, que seria uma testemunha da presença de Deus no meio deles (Êx. 25:9, 40; 26:30; 27:8). Os patriarcas introduziram com eles este Tabernáculo na Terra Prometida sob a liderança de Josué. (A trad. gr. de Josué é Jesus.) Deus expulsou as nações da terra (a palavra gr, significa tanto gentios como nações), para que Israel pudesse possuí-la.

46, 47. Por muitos anos depois de entrar na terra, Israel não teve templo mas continuou adorando a Deus no Tabernáculo. Morada neste versículo é uma palavra diferente da que foi empregada em 6:44. Davi, um homem segundo o coração de Deus, quis providenciar uma habitação para Deus; mas esse privilégio foi retardado até os dias de Salomão.

48-50. Agora Estêvão declarou enfaticamente que o Altíssimo não pode ser limitado a estruturas construídas pelo homem, porque Ele enche o mundo inteiro, e não existe um tipo de casa que possa contê-lo.

51, 52. Se o Templo não é necessário para se adorar a Deus, não é também uma garantia que os homens, nele, adorarão a Deus corretamente. Estêvão acusou aqueles que adoravam no Templo de serem duros e incircuncisos de coração e de ouvidos, de resistirem ao Espírito Santo, e de traírem e matarem o Justo, seguindo assim o exemplo de seus rebeldes antepassados. Estêvão fora acusado de blasfemar contra a lei de Moisés. Sua resposta foi que na realidade não era ele que era culpado desse pecado mas o povo judeu, que desde os tempos de Moisés transgredira a Palavra de Deus. Ele fora acusado de blasfemar contra Deus por rejeitar o Templo. Sua resposta foi que a história de Israel provou por si mesma que o Templo era apenas uma instituição temporária e não era essencial para a verdadeira adoração a Deus.

54. Quando Estêvão acusou os judeus de blasfêmia, eles se encheram de raiva incontrolável. Rilharam os dentes. Sinal de raiva (Jó 16:9; Sl. 35:14).

55, 56. Estêvão não se perturbou com a ira do Sinédrio. A essa altura, Deus lhe concedeu uma visão dos céus abertos com o Filho do homem em pé à Sua direita. As palavras de Estêvão foram, na realidade, uma declaração de que as palavras que Jesus recentemente proferira, diante desse mesmo corpo judicial, de ser o Filho do homem, não eram blasfemas, como o Sinédrio proclamara, mas eram a verdade de Deus (Mc. 14:62). Estêvão declarou que realmente Jesus estava agora à direita de Deus na qualidade de Filho do homem.

Jesus costuma ser descrito como assentado à direita de Deus (Sl. 110:1; Hb. 1:13). É possível que aqui Ele esteja representado como levantando-se do Seu trono para receber este mártir. O nome Filho do homem não designa a humanidade de Jesus; é um título messiânico, com base em Dn. 7:13, 14, e designa o Messias como ser celestial e sobrenatural. Este é o único lugar fora dos Evangelhos onde o título foi aplicado a Jesus.

57-58. Não está de todo claro se o martírio de Estêvão foi o resultado de uma execução formal ou um linchamento. Uma execução legal exigia a aprovação do governador romano, e considerando que isso não foi obtido, a morte de Estêvão parece um linchamento. Entretanto, a menção de testemunhas formais conforme exigia a Lei (Lv. 24:14; Dt. 17:7) dá a ideia de uma execução legal. É possível que o Sinédrio executasse Estêvão sem obter a aprovação oficial de Pilatos. Estêvão foi conduzido para fora da cidade para o lugar de execução e foi apedrejado. As testemunhas eram os executores oficiais. Saulo, que mais tarde se tornou o apóstolo Paulo, foi um observador da execução e ficou junto às roupas dos executantes. Saulo foi subitamente introduzido na narrativa sem explicações.

59, 60. Morrendo, Estêvão invocava a Jesus exaltado como Deus mesmo e orava para que Jesus recebesse o seu espírito. As suas palavras finais consistiam em uma oração de perdão para os seus executores. Adormeceu é a metáfora bíblica comum para o fenômeno da morte.

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