Interpretação bíblica Evangelho de Joao 8
João 8
A Mulher Apanhada em Adultério. 8:1-11.
Os melhores manuscritos são fortemente contra a genuinidade deste parágrafo
(inclusive 7:53) e a linguagem não parece Joanina. Mas a história é verdadeira,
logo encontrando lugar no texto do Quarto Evangelho.
1. Estando em Jerusalém, Jesus costumava acampar no Monte
das Oliveiras.
2. Quando rapaz visitou o Templo para aprender
(Lc. 2:46). Agora ia lá para ensinar, com o povo se "amontoando à sua
volta.
3. A aula foi interrompida pela chegada dos escribas e
fariseus, os quais conduziam uma mulher apanhada em adultério. Enfurecidos
por causa do sucesso de Jesus e frustrados por sua incapacidade de se livrarem
dEle, esses líderes aproveitaram a oportunidade para embaraçá-lO diante do
povo. Embaraçar também a mulher, colocando-a no meio.
5. Fazendo Jesus lembrar a exigência de se apedrejar o
autor de tal ofensa (Dt. 22:23, 24), estes líderes quiseram saber qual o
veredito dEle sobre o assunto. Eles o fizeram, tentando-o por meio de um
dilema. Se Ele apoiasse a Lei, a qual aparentemente não estava sendo
rigorosamente aplicada em tais casos, daria a impressão de não ter coração. Se
advogasse a misericórdia, poderia ser proclamado como sendo demasiadamente
clemente quanto à aplicação da Lei. Se os fariseus estivessem verdadeiramente
preocupados com a guarda da Lei, teriam também trazido o outro ofensor.
6. É inútil especular quanto ao que Jesus escreveu.
Nada ficou registrado na narrativa. Só o que o grupo ouviu Ele (v. 9) é
importante.
7. Sem pecado. Não necessariamente o
pecado em questão, mas pecado em geral.
9. As palavras de Jesus tiveram o efeito de desviar a
atenção de Si mesmo e da mulher para os acusadores. A consciência começou
a efetuar a sua obra. A começar pelos mais velhos. Sua idade
fazia deles os líderes, e sua experiência do pecado mais longa dava-lhes mais
motivos para auto-acusação. Só dois ficaram – a pecadora e o Amigo dos
pecadores. Jesus poderia ter atirado a pedra, pois Ele não tinha pecado; mas
Ele estava mais preocupado com a reabilitação do pecador do que em ver a Lei
meticulosamente satisfeita.
Se Suas palavras, Nem eu tão pouco te condeno, parecem
demasiado compassivas, estão contrabalançadas pelas seguintes, vai, e não
peques mais. Aquele que sonda os corações viu que havia arrependimento
no coração da mulher. Tudo o que era preciso era uma advertência para o futuro.
L. A Auto-revelação de Jesus. 8:12-59.
Do lado dos oponentes de Jesus havia a pergunta: "Quem é
você?" (v. 25), que era perene. Do ponto de vista do próprio Cristo, Ele
era a luz do mundo, embora não fosse deste mundo, Aquele que viera para
libertar os homens dos seus pecados, o eterno "EU SOU". Sob todos os
aspectos Ele era um agudo contraste com seus oponentes. O cenário continuou
sendo o Templo (v. 20).
12. Eu sou a luz do mundo. Os antecedentes desta declaração podem
se encontrar na prática de se acender os candelabros do Pátio das Mulheres
(onde se localizava o tesouro, v. 20), durante a Festa dos Tabernáculos, e na
nuvem de glória na peregrinação no deserto, a qual aquelas luzes pretendiam
representar, e também na luz da criação (1:4, 9), agora expressa em termos
espirituais. Ele é a luz da vida.
13-18. Prontos a acusar, os fariseus objetaram contra tal auto-testemunho e o
classificaram de mentiroso (v. 13). Auto- testemunho costuma ser falso e
portanto precisa de apoio de outros; mas no caso de Jesus, seu auto-testemunho
era verdadeiro, pois Ele tinha absoluto conhecimento de Sua origem e destino.
Naturalmente não havia nenhuma testemunha humana que pudesse corroborar tais assuntos
(v. 14). Os fariseus julgavam (isto é, formavam uma opinião)
meras considerações físicas. Estavam cegos às verdades espirituais (cons. I Co.
2:14). Por outro lado, quando Jesus julga (embora não viesse com tal propósito
originalmente cons. Jo. 3:17), o veredito é certo, e permanece eternamente,
pois é verdadeiro. O pai o endossa e participa dele (v. 16). Se o
testemunho de duas pessoas é verdadeiro (a Lei exigia, para
salvaguardar a justiça, que houvesse pelo menos duas testemunhas; Dt. 17:6),
quanto mais válido é o testemunho de Cristo, que tem o testemunho do Pai com
Ele (Jo. 7:18). O testemunho do Pai no batismo de Cristo e na transfiguração
são passagens bem conhecidas da narrativa dos Sinóticos.
19, 20. Onde está teu Pai? Em outras palavras, se Ele estivesse ausente,
eles não poderiam aproveitar seu testemunho. Esta é "uma suprema
formulação da má compreensão e incredulidade dos judeus" (E. C.
Hoskyns, The Fourth Gospel ). Na verdade, deixar de perceber a
verdadeira natureza de cristo era confessar ignorância relativamente a eu
Pai (cons. 14:7, 9) . O desentendimento inflamou-se novamente, mas uma vez mais
Jesus não foi tocado, porque Seu trajeto não fora completado ainda (v. 20).
21, 22. A vinda da sua hora poderia significar para Jesus que Ele tinha
de seguir o Seu caminho (de volta ao Pai), mas não antes de resolver o problema
do pecado. Já que os fariseus não queriam aceitá-lo, teriam de morrer nos
seus pecados. Sua separação seria aprofundada e selada. Eles não
iriam para onde Ele estaria naquele dia, tal como, anteriormente, as predições
de Jesus a respeito de sua partida causaram perplexidade (7:35), desta vez
levaram à suposição de que Ele estivesse pensando em suicídio (v. 22). Sua
morte, entretanto, não seria auto-imposta; esses homens é que contribuiriam
para a sua consumação.
23. A perspectiva da separação definitiva focalizava a atenção
sobre os contrastes do momento: de baixo... de cima; deste mundo...
não...
deste mundo. Jesus recusava-se a falar do Céu chamando de
"aquele mundo", pois o termo mundo aqui enfatiza o homem
revoltado e distante de Deus.
24. O pecado responsável por sua ignorância e hostilidade
leva-los-ia a uma morte sem esperanças, a não ser que cressem nEle como o EU SOU (cons.
Êx. 3:14).
25. Isto era pior, sob o ponto de vista dos
judeus, do que a declaração do versículo 12, pois era reivindicação absoluta de
divindade, os ouvintes de Cristo exigiram que Ele apresentasse um
predicativo Quem és tu? Uma vez que já se fizera
suficientemente conhecido, bastava-lhe repousar sobre Suas
afirmações anteriores. O grego possivelmente significa que desde o princípio
Ele era tudo o que tinha afirmado (cons. 1:1).
26. O Muitas coisas que Ele poderia dizer
mais seria totalmente verdadeiro, mas apenas aumentaria a condenação dos Seus
ouvintes (cons. com as muitas coisas que Jesus pOderia ter dito aos discípulos,
as quais apenas aumentariam a sua perplexidade; (6:12). Mas a oposição não fecharia
os lábios de Jesus. Ele continuaria falando ao mundo.
28. A morte do Filho do homem, seu levantamento na cruz (cons. 3:14;
12:32) seriam a sua vindicação no sentido de que resultariam em ressurreição e
exaltação, as quais por sua vez produziriam o mistério da convicção do
Espírito. Alguns pelo menos ficariam sabendo que sua declaração de que era
Eterno não eram palavras vãs (Atos 2:41; 4:4; 6:7).
30-32. As declarações de Jesus, tão simples e tão sublimes, impressionaram
alguns dos que estavam presentes. Muitos creram. Mas, dentro
de pouco tempo, pegariam em pedras para atirar nEle (8:59). É a
velha história da pseudo-fé. Neste caso, eles não permaneceram na
Sua Palavra – fator necessário para o verdadeiro discipulado, que abre o
caminho para um conhecimento mais pleno da verdade – a ponto de serem
libertados por meio dela (v. 32). Essas declarações compactas estão
amplificadas no que vem a seguir.
33. Os judeus se ofenderam com a implicação de que não
eram livres. Na qualidade de semente de Abraão eram superiores a muitos outros
povos (cons. Gl. 4:22). Eram filhos do Rei celestial. Ignoravam, neste caso,
sua escravidão política para com Roma, considerando-a irrelevante.
34. Sua escravidão era mais profunda do que os
relacionamentos exteriores da vida. A comissão de pecado coloca uma pessoa na
posição de ser escravo do pecado.
35. O Filho (Cristo) habita na casa do
Pai para sempre como o verdadeiro Isaque. Ismael, embora seja
semente de Abraão, tem de sair. O mesmo acontecia com os arrogantes judeus.
36. A verdade que liberta (8:32) foi apresentada
pessoalmente. O Filho, que é a verdade (14:6), liberta os homens (cons. Gl.
4:4-7).
37. O Senhor estava pronto a admitir que os seus ouvintes
eram semente de Abraão no sentido comum. Mas o antagonismo deles provava que
não eram espiritualmente relacionados com Abraão, que foi um homem de fé e
obediência.
38. A inspiração deles vinha de um outro pai, e não Abraão,
alguém cuja sinistra identidade Cristo logo declarou.
39. Filhos de Abraão deviam ser capazes de produzir obras de Abraão. Ele agiu
de acordo com a revelação divina.
40. Cristo falava a verdade (não simplesmente a verdade
antagônica ao erro, mas a verdade sobre o Seu relacionamento com o Pai e a
verdade sobre Sua missão). Em vez de aceitá-la, como Abraão teria feito, esses
judeus procuraram matar o Filho do homem.
41. Eles tinham um pai, a quem imitavam, cujas obras
reproduziam, mas esse não era Abraão. Os judeus desforravam-se criticando:
"Nós não somos frutos de prostituição". O nós é
enfático. Sob esta declaração parece estar a acusação de ilegitimidade cujo
alvo era Jesus (essa mesma acusação tinge a narrativa do nascimento de Jesus
por Mateus). Nós, diziam os judeus, somos aqueles que temos Deus
verdadeiramente por Pai, sejam quais forem as suas reivindicações. Através de
Abraão, vamos até ao próprio Deus.
42. Jesus refutou a declaração com o simples fato de que a
atitude deles não era de amor, de afeição filial. Ele sabia que viera de Deus,
pensassem eles o que pensassem.
43, 44. O verdadeiro motivo para o fracasso deles em aceitá-lo era o parentesco
que tinham com o diabo. Ele era o pai deles. Por isso é que agiam
de acordo (cons. Mt. 23:15). Seus pecados especiais eram a mentira (relacionada
com a tentação no jardim) e homicídio (no estímulo de Caim para matar seu irmão
- I Jo. 3:12).
45, 46. Tendo afinidade com o diabo, o mentiroso, não aceitariam a verdade
vinda de Cristo. Não poderiam, entretanto, convencê-lO do pecado.
Para fazê-lo, teriam de aceitar o Seu testemunho.
47. O próprio fracasso em aceitar a sua palavra selava o fato de
que não eram de Deus.
48. Feridos por uma série de censuras,
os judeus revidaram chamando Jesus de samaritano, isto é, alguém que não era
digno de ser chamado membro do povo de Deus, ainda que vivesse em território
israelita. Uma crítica mais profunda pode ser encontrada aqui se a intenção
deles era repetir a acusação sobre o nascimento de Jesus. Os samaritanos
eram um povo misturado, nascidos de amálgama de israelitas e estrangeiros. Procurando
explicar a forte explosão de Jesus contra eles (cons. v. 52), os judeus o
acusaram de ter um demônio.
49, 50. Jesus negou a alegação. Dizer tal coisa a seu respeito era puro
desacato, uma desonra que seria julgada pelo Pai.
51, 52. Voltando-se para outra declaração, Jesus prometeu a imortalidade
para aqueles que guardassem a Sua Palavra. Os judeus apelaram para o ridículo,
interpretando essas palavras fisicamente. Eles sabiam que a morte reclamara o
povo de Deus, até mesmo Abraão.
53-58. Será que Jesus imaginava ser maior do que Abraão e os outros
profetas? A resposta é dupla. Abraão sabia que Alguém maior do que ele viria.
Ele viu o dia de Cristo (essa visão não foi mais claramente apresentada no
sacrifício de Isaque? veja Rm. 8:32). Isto significaria que Jesus vira Abraão?
Os judeus o rejeitaram como ridículo, pois Jesus era um homem de meia idade,
quando muito (Jo. 8:57) . Isto levou à segunda grande reivindicação de Jesus
referente ao seu relacionamento com Abraão. Antes que Abraão existisse,
EU SOU (cons. v. 24). Abraão não estava no começo com Deus.
59. Tais declarações pareciam blasfemas. Novamente pedras foram preparadas
para acabar com tais declarações, mas novamente o Senhor escapou aos seus
oponentes e seguiu o Seu caminho.
Prof.
Abdias Barreto.
85,988575757,
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu Comentário... Assim você estará contribuindo com nossos leitores. Grato!