À MESA COM OSEIAS - INSTRUMENTOS DE DEUS
Quando o Senhor começou a falar por meio de Oséias... (Os 1.2)
A BOCA QUE TORNA a Palavra audível pode ser humana (às vezes pode ser animal, como no caso da jumenta de Balaão), mas a Palavra é de Deus e não do homem. Deus fala por meio de Oséias, por meio de Ageu (Ag 1.1), por meio de Malaquias (Ml 1.1). Por meio dos cinco profetas maiores e por meio dos doze profetas menores. Mas, desde os tempos remotos até hoje, nem todos que se dizem profetas falam da parte de Deus. Esse é um dos problemas mais complicados da história do povo de Deus, da história religiosa.
É loucura deixar de ouvir um profeta por meio de quem Deus fala. É loucura dar ouvidos à voz de um profeta por meio de quem Deus não fala. Há profetas verdadeiros e profetas falsos. O profeta verdadeiro pode ser um
homem simples, mas fala da parte de Deus. O profeta falso pode ser um crânio, mas não fala da parte de Deus. É o tal dilema entre o trigo e o joio, que exige uma dose muito grande de responsabilidade da parte do ouvinte.
Geralmente o falso profeta fala aquilo que queremos ouvir e não aquilo que precisamos ouvir.
Nunca mais vou ouvir a voz de um profeta que se coloca aos meus pés para me servir!
POR CAUSA DO MASSACRE
Castigarei a dinastia de Jeú por causa do massacre ocorrido em Jezreel (Os 1.4)
O MASSACRE OCORREU lá pelo ano 841 antes de Cristo. Foi massacre mesmo. Jeú fez muito além do que era para fazer. Ultrapassou os oráculos de Elias (1 Rs 21.21-24) e a ordem de Eliseu (2 Rs 9.7-10). Em Jezreel, “Jeú matou todos os que restavam da família de Acabe [...], bem como todos os seus aliados influentes, os seus amigos pessoais e os seus sacerdotes, não lhe deixando sobrevivente algum” (2 Rs 10.11). Depois, o rei de Israel ainda matou 42 parentes de Acazias, rei de Judá, em Bete-Equede dos Pastores, e muitos outros em Samaria (2 Rs 10.12-36). O pior é que Jeú não era coerente: eliminou a adoração a Baal, mas manteve a adoração aos bezerros de ouro (2 Rs 10.28,29). O fim da dinastia de Jeú aconteceu no trigésimo nono ano do reinado de Uzias, rei de Judá (752 a.C.), cerca de 110 anos depois do fatídico massacre e pouco depois da profecia de Oséias. Nesse tempo, um tal de Salum derrubou Zacarias, o último descendente de Jeú, e tomou posse do governo de Israel (2 Rs 15.8-16).
Obrigo-me a fazer a medida certa da vontade de Deus; nem menos nem mais!
O ARCO QUEBRADO
Naquele dia quebrarei o arco de Israel no vale de Jezreel (Os 1.5).
QUANDO A PEÇA DE MAIOR valor se quebra, ficamos de pés e mãos amarrados. A peça de maior valor, a peça imprescindível, varia de uma pessoa para outra, de uma época a outra, de uma circunstância a outra. Pode ser uma atiradeira, um conjunto de arco e flechas, uma espada, uma espingarda, um revólver, um lança-bombas. Como também pode ser uma dentadura, um veículo, um celular, um notebook. Qualquer apetrecho experimentado e continuamente usado, quando é quebrado, gera insegurança e até pânico. Significa perder o imperdível. Oséias se fez entender quando ameaçou: “Naquele dia quebrarei o arco de Israel no vale de Jezreel”. Logo no vale de Jezreel, onde o arco de Israel havia provocado o famoso massacre de muitas dezenas de pessoas relacionadas com o rei Acabe. Nessa hora de arco quebrado, de dentadura quebrada, de carro quebrado, de celular quebrado, Deus nos deixa vazios, indefesos, humilhados e estáticos. Então começa a hora e a vez dele!
Não farei minha segurança girar em torno de meros apetrechos quebráveis!
AMOR E PERDÃO
Não mais mostrarei amor para com a nação de Israel, não a ponto de perdoá-la (Os 1.6)
QUAL É A RELAÇÃO entre amor e perdão? O que vem primeiro, o amor ou o perdão? Em todos os casos, o perdão só é possível por causa do amor. Quando o amor se esgota, o perdão não tem a menor chance. Se o nível do amor de Deus abaixasse, a disponibilidade do perdão também cairia. É isso que o profeta Oséias quer que a nação entenda. Esse mecanismo é de conhecimento público por causa do versículo mais conhecido e amado da Bíblia: “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Deus só “arrepende-se, e não envia a desgraça” porque é “cheio de amor”
(Jl 2.13; Jn 4.2). Ele é misericordioso e compassivo e muito paciente porque é cheio de amor. Jesus jamais faria a oração “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo” (Lc 23.34), referindo-se aos seus algozes, se não tivesse profundo amor por aquela turba que o maltratava e zombava dele.
Àquele que me amou e perdoou, devo o maior respeito e a maior devoção!
NÃO PELO ARCO
Eu lhe concederei vitória, não pelo arco, pela espada ou por combate [...], mas pelo Senhor, o seu Deus (Os 1.7).
ERA UMA TAREFA dificílima convencer o povo eleito de que a vitória viria não por esforço puramente humano, mas pela intervenção de Deus, ora por meios naturais ora por meios sobrenaturais. Todos os profetas gastaram
muita saliva para deixar isso suficientemente claro. A salvação tem como ponto de partida o amor de Deus: “Tratarei com amor a nação de Judá”. E se torna viável e concreta porque Ele concede vitória, “não pelo arco, pela espada ou por combate [ou ‘pela guerra’], nem por cavalos e cavaleiros, mas pelo Senhor, o seu Deus”. Não era para o povo insistir na idéia de salvação por força nem por violência, mas pelo Espírito de Deus (Zc 4.6), por causa dos antecedentes históricos que ele mesmo recitava: “Não foi pela espada que [nossos antepassados] conquistaram a terra, nem pela força do seu braço que alcançaram a vitória; foi pela tua mão direita, pelo teu braço, e pela luz do teu rosto” (Sl 44.3).
Deponho as armas e renuncio à guerra e à violência: vou confiar no braço do Senhor!
ALGUM DIA O SOL NÃO NASCEU?
Tão certo como nasce o sol, ele aparecerá; virá para nós como as chuvas de inverno (Os 6.3)
ALGUM DIA O SOL não nasceu? Algum dia a noite durou mais de 12 horas? Assim é o Senhor. Ele esconde o seu rosto só por um momento: “Tão certo como nasce o sol, ele aparecerá; virá para nós como as chuvas de
inverno, como as chuvas de primavera que regam a terra”. Pode demorar um pouco, até mais do que gostaríamos, mas virá! O Senhor não tem o hábito de marcar datas... Ele não marca a data de suas muitas voltas particulares nem de sua volta especial, “com poder e grande glória” (Mt 24.30). Com Ele vem as chuvas há tanto tempo necessárias e esperadas. Chuvas para desfazer os torrões, a seca, a poeira e a sede. Chuvas para trazer de volta o verde, a sombra, o mato, as árvores, as flores, os frutos, o perfume do eucaliptal, os riachos, as cachoeiras, as aves do céu, a justiça, novos céus e nova terra e o bendito refrigério da alma cansada, exausta e ansiosa. As
chuvas que vêm com o Senhor enchem as nossas cisternas vazias (Sl 84.6)!
O Senhor será o meu pastor para sempre, pois é Ele quem me conduz a águas tranqüilas!
A NEBLINA DA MANHÃ
Seu amor é como a neblina da manhã, como o primeiro orvalho que logo evapora (Os 6.4)
NÃO É SÓ A MULHER que reclama do amor do marido. Não é só o marido que reclama do amor da mulher. Não é só a mãe que reclama do amor da filha. Não é só a filha que reclama do amor da mãe. O Senhor também reclama do amor humano: “Seu amor é como a neblina da manhã, como o primeiro orvalho que logo evapora”. Não é a única vez que Deus cobra amor de Israel ou da igreja. Ao pastor da igreja em Éfeso, Jesus escreveu: “Você abandonou o seu primeiro amor” (Ap 2.4). Que diferença há entre nenhum amor e amor tão efêmero como a neblina? Sobretudo se comparado com “a largura, o comprimento, a altura e a profundidade” do “amor de Cristo que excede todo conhecimento” (Ef 3.18,19)?
O assunto é muito sério já que o maior mandamento da lei de Moisés é: “Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento” (Mt 22.37). E não como a neblina da manhã.
Prometo exercitar o meu amor pelo Senhor para que eu o ame como Ele me ama!
MEMÓRIA COMPRIDA
[Efraim e Samaria] não percebem que eu me lembro de todas as suas más obras (Os 7.2)
TRÊS VEZES O Senhor declara que não se esquece dos pecados de Israel (Os 7.2; 8.13; 9.9). Aí está uma situação que exige reflexão. Pois em outras passagens encontra-se uma declaração exatamente oposta a esta. Em Isaías está escrito: “Sou eu, eu mesmo, aquele que apaga suas transgressões, por amor de mim, e que não se lembra mais de seus pecados” (Is 43.25). Em Jeremias também lemos: “Eu lhes perdoarei a maldade e não me lembrarei mais dos seus pecados” (Jr 31.34). Afinal, Deus tem memória curta ou memória comprida? Os textos não se contradizem. Deus só se esquece quando perdoa e só perdoa quando há arrependimento. Deus quer que Efraim e Samaria percebam que Ele não se esqueceu de seus pecados recentes. Eram ainda problemas pendentes, não resolvidos. Embora acentuadamente graves, os pecados cometidos por eles ainda não tinham sido localizados, admitidos, confessados e abandonados. Em situações assim, a memória de Deus é necessariamente comprida e não curta!
Não permitirei que o pecado já confessado me venha à lembrança e me atormente!
O BOLO QUEIMADO E CRU
Efraim é um bolo que não foi virado (Os 7.8)
QUE DENÚNCIA inteligente: “Efraim é um bolo que não foi virado”. O povo de Israel não presta para nada. De um lado está cru; do outro, está queimado. É como o sal que perde o seu sabor: “Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens” (Mt 5.13). O padeiro perdeu a farinha, perdeu os ovos, perdeu a manteiga, perdeu o tempo e perdeu a confiança de seus fregueses. Foi um desperdício total. Todos os que pendem para um lado só são como Efraim, “um bolo que não foi virado”. Quem não acha o equilíbrio e não se compromete com ele, mais cedo ou mais tarde será semelhante a um bolo queimado e cru. Os que são empolgados na oração e reticentes na ação ou vice-versa são como Efraim. Os que são empolgados na ortodoxia e reticentes na espiritualidade ou vice-versa são como Efraim. Não vale a pena ser como Efraim. É preciso virar o bolo na hora certa para ele não ficar queimado de um lado e cru do outro.
Não vou me permitir o destempero religioso que pode me tornar fanático.
RAIZ SECA
Efraim está ferido, sua raiz está seca, eles não produzem frutos (Os 9.16)
TODAS AS VEZES que o livro de Oséias menciona o nome de Efraim não se refere a uma pessoa, ao filho de José, mas a uma das doze tribos de Israel. Por ser a principal tribo do reino do Norte, o nome Efraim quase sempre
diz respeito ao país inteiro. Além de estar com os seios ressecados (Os 9.14), a raiz de Efraim também está seca (Os 9.16). O adjetivo seco lembra expressões desagradáveis e incômodas, como árvore seca, erva seca, espiga seca, ossos secos, pão seco, rio seco e terra seca. Agora Efraim sofre de ventre seco, seios secos e raiz seca. A nação está em maus lençóis. O que se pode esperar dela se sua raiz está seca? Se está seca é porque rompeu com Deus, deixou de procurá-lo, distanciou-se dos rios subterrâneos cheios de água viva. Efraim deixou de ser aquela “árvore plantada junto às águas e que estende as suas raízes para o ribeiro”. Uma árvore assim não teme o calor nem deixa de dar fruto mesmo no ano da seca (Jr 17.8).
Serei como árvore plantada à beira de águas correntes, cujas folhas não murcham!
"Quando DEUS Trabalha O HOMEM Muda!"
Prof. Abdias Barreto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu Comentário... Assim você estará contribuindo com nossos leitores. Grato!