Interpretação de Atos 8
Atos 8
1. Saulo
consentia. Alguns acham
que essas palavras indicam que Saulo era um membro do Sinédrio. Isto não
precisa ser verdade. Entretanto, sendo ele da Cilícia, era sem dúvida um membro
da sinagoga que discutiu com Estêvão (6:9). Até esse momento a igreja não
demonstrara nenhuma inclinação de levar o Evangelho a todo o mundo,
permanecendo em Jerusalém. Deus usou a perseguição que se seguiu à morte de
Estêvão como um meio providencial para a expansão do Evangelho fora de
Jerusalém. Os crentes da congregação de Jerusalém foram espalhados por toda
parte, mas os apóstolos puderam permanecer na cidade dando estabilidade à
igreja.
3. O espírito instigador dessa perseguição foi Saulo
(veja Gl. 1:13, 23; I Co. 15:9; Fl. 3:6). Ele se convenceu de que esse novo
movimento que proclamava um criminoso crucificado como o Messias não podia ser
de Deus. Pois o V.T. pronunciava uma maldição sobre qualquer um que fosse
pendurado sobre uma árvore. Era uma prova escriturística, segundo o
entendimento de Saulo, que Jesus era um enganador e esse novo movimento era
blasfemo.
C. O Evangelho em Samaria. 8:4-25.
Primeiro, Lucas registra a
expansão do Evangelho em Samaria. Os samaritanos eram descendentes de uma
mistura do remanescente de Israel com estrangeiros que foram introduzidos na
Samaria pelos conquistadores assírios quando as classes superiores foram
levadas para o exílio (II Reis 17). Os samaritanos construíram um templo rival
sobre o Monte Gerizim (veja Jo. 4:20). Considerando os judeus que os
samaritanos eram mestiços raciais e religiosos, violentos preconceitos raciais
tiveram de ser vencidos antes da igreja poder se tornar realmente universal.
5. À cidade
de Samaria. Não se sabe
ao certo se Samaria indica uma cidade ou um país. Normalmente, essa palavra no
N.T. designa o território e não a cidade. A cidade de Sanaria foi reconstruída
por Herodes, o Grande, nos moldes de uma cidade grega e recebeu o nome de
Sebaste, em honra do imperador romano. A mensagem de Filipe na Samaria foi
o Messias (Cristo), isto é, que Jesus era o Cristo.
9-11. Antes que Filipe chegasse a Samaria, um mágico
chamado Simão exercera sua profissão, proclamando “que era
alguém”. As pessoas foram enganadas por seus truques e lhe atribuíram o
Grande Poder. Grande era uma palavra usada pelos gregos pua designar o
Deus judeu (o poder de Deus que é chamado Grande).
12. A mensagem de nosso Senhor foi o evangelho do reino
de Deus (Mt. 4:23; 9:35). Dissera aos seus discípulos que pregassem o Evangelho
do reino em todo o mundo (Mt. 24:14). Filipe foi a Samaria pregando a
respeito do reino de Deus. A frase é exatamente a mesma exceto que o
verbo foi usado em lugar do substantivo (evangelizando) e a preposição foi
inserida. O evangelho do reino de Deus e o nome de Jesus Cristo são aqui ideias
intercambiáveis.
14-17. Os
apóstolos... em Jerusalém mantinham um
relacionamento de supervisão sobre toda a igreja e, por isso, enviaram Pedro e
João a Samaria para investigar esse novo ponto de desenvolvimento. (João e seu
irmão Tiago perguntaram certa vez a Jesus se não deviam pedir que caísse fogo
do céu sobre uma determinada aldeia samaritana; veja Lc. 9:52 e segs.)
Tornou-se evidente a Pedro e João que o dom do Espírito Santo recebido no
Pentecostes não fora oferecido aos samaritanos convertidos. Eles receberam o
batismo da água mas não o batismo com o Espírito. Os apóstolos achavam óbvio
que a fé daquelas pessoas era genuína. Portanto impuseram-lhes as mãos e o
Espírito Santo veio sobre eles. O significado deste acontecimento tem sido
assunto de controvérsia, mas deve-se destacar que no dia de Pentecostes e na
casa de Cornélio (Atos 10), o Espírito Santo foi concedido sem a imposição de
mãos. Portanto torna-se arbitrário selecionar este acontecimento único para
transformá-lo em norma de experiência cristã, e insistir que existe um batismo
especial com o Espírito que é concedido após a fé salvadora pela imposição de
mãos daqueles que já passaram por essa experiência. O significado desse
acontecimento está no fato dessa gente ser samaritana. Eis aí o primeiro passo
através do qual a igreja rompeu suas cadeias judias indo na direção de uma
comunhão realmente universal. A imposição de mãos não foi necessária para os
samaritanos; mas foi necessária para os apóstolos, para que se convencessem
completamente de que Deus estava realmente rompendo as barreiras do preconceito
racial e incluindo essa gente mestiça dentro da comunidade da Igreja. Não foi
um novo Pentecostes mas uma extensão do Pentecoste ao povo samaritano.
18-24. O desejo de Simão de comprar os dons de Deus com dinheiro deu origem à
palavra “simonia”. A resposta de Pedro foi, “O teu dinheiro seja contigo para
perdição... Arrepende-te”. Parece que Simão era realmente convertido, mas os
hábitos da velha vida e o laço de Atos (Comentário Bíblico
Moody) 41 iniquidade (v. 23) ainda não fora quebrada. Simão
foi tomado de medo e rogou aos apóstolos que intercedessem por ele e buscassem
o perdão de Deus (v. 24). 25. Pedro e João ficaram agora
ocupados em um vigoroso programa evangelístico que os levou por muitas aldeias
da Samaria. Depois, tendo completado sua excursão, retornaram a Jerusalém.
D. A
Conversão do Eunuco Etíope. 8:26-40. Agora Lucas registra um novo passo na direção da expansão da igreja,
além de seu cenário judeu inicial, contando a conversão do eunuco etíope, que
possivelmente era semiconvertido ao judaísmo, embora também pudesse ser
judeu. 26. Gaza, era uma das cinco cidades dos filisteus,
situava-se cerca de duas milhas e meia do mar. A cidade foi destruída em 93
A.C., mas foi reconstruída trinta e seis anos depois em novo local mais perto
do mar. Este se acha deserto pode se referir tanto à estrada,
como também, com mais probabilidade, ao sítio da antiga cidade. 27. Os
eunucos serviam nas cortes orientais ocupando posições de grande
autoridade. Candace. Não um nome próprio mas o título de uma
autoridade real. O rei da Etiópia era considerado o filho do sol e portanto
sagrado demais para exercer as funções propriamente ditas do governo. A rainha
mãe, que era chamada Candace, governava. Esse eunuco era
provavelmente um gentio temente a Deus ou um semiconvertido ao judaísmo, que
fora a Jerusalém em peregrinação. Como eunuco, não poderia jamais pertencer ao
povo de Deus do V.T. (Dt. 23:1), mas essas pessoal tinham de aceitar o
Evangelho. 28. Viajando em uma carruagem coberta,
provavelmente puxada por bois, estava lendo o profeta Isaías na tradução
grega. 30. Os antigos costumavam ler em voz alta, e Filipe
ouviu o eunuco lendo em Isaías. 32, 33. A passagem da
Escritura era Is. 53:7, 8. Ela descreve alguém que sofreu em silêncio, a quem
foi negado justiça, e que foi morto.
34. Antes da vinda de Cristo, os judeus compreenderam
que esta era uma passagem messiânica e que o sofrimento do servo era uma
profecia dos sofrimentos do seu Messias. Mais tarde alguns interpretaram o servo
sofredor como sendo o profeta e outros como o povo de Israel.
35. Filipe mostrou ao eunuco que essa era uma profecia
sobre Jesus. Isto retrocede aos ensinamentos de nosso Senhor mesmo que dizia
ter vindo para servir e dar a sua vida em resgate de muitos (Mc. 10:45).
36. A nordeste de Gaza há um vale onde existe água
corrente. Ao que parece a explicação de Filipe incluiu um apelo para que o
eunuco aceitasse a Jesus e fosse batizado, pois este pediu a Filipe para ser
batizado.
37. Este versículo não se encontra nos textos gregos
mais antigos. Foi acrescentado há muito tempo atrás e reflete a prática cristã
da igreja primitiva de batizar as pessoas imediatamente após a profissão de fé
em Jesus Cristo.
38. Uma das nossas mais antigas obras cristãs pós-bíblicas,
a Didaquê (cerca de 125 A.D.), diz que o batismo deve ser realizado em água
corrente, se possível.
39, 40. Não sabemos o que aconteceu ao eunuco, mas a tradição conta que ele se tornou um missionário entre o seu próprio povo. Filipe visitou Azoto, a antiga cidade de Asdode, cerca de vinte milhas ao norte de Gaza, e depois seguiu para o norte ao longo da costa, pregando o Evangelho em diversas cidades, provavelmente incluindo Lídia e Jope (9:32 e segs.). Depois foi a Cesareia, onde ao que parece se estabeleceu, pois lá residia numa data posterior (21:8). Cesareia era uma cidade gentia e a residência oficial dos procuradores romanos na Judeia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu Comentário... Assim você estará contribuindo com nossos leitores. Grato!